6 de abril

Neste dia, o Senhor Bispo D. António Francisco toma posse da Diocese do Porto, na chamada Cidade Invicta, ou também Cidade da Virgem.

Devoto como é de Nossa Senhora, como bom cristão, pois no dizer de Paulo VI “todo o cristão é mariano”, esta data poderia nada ter a ver com a sua devoção. Não sei os critérios que levaram a escolha. Sei que num dia 8 de dezembro, tomou posse da Diocese de Aveiro. As referências marianas eram e são constantes na sua pregação e maneira de ser. Por isso, ocorreu-me falar do dia 6 de abril, até porque este dia também tem muito significado para mim.

No séc. XVI, o protestantismo adquiria uma força que se estendia por toda a Alemanha, causando grande confusão, pois não era um movimento da Igreja mas contra a Igreja. As razões e causas não são chamadas para cá, neste momento. Mas a Igreja teve de se defender. Por isso, em Ingolstadt, na Baviera alemã, foi colocado S. Canísio, que desenvolveu um apostolado muito intenso na teologia e formação do clero, para fazer frente aos ataques doutrinais do movimento de Lutero. Mais tarde, em 1600, um sacerdote jesuíta criou ali, para fazer frente ao mesmo, um grupo de rapazes seminaristas que se reuniam para estudar Maria. Constituíam uma chamada “congregação mariana”, atividade que ainda se cultiva nos seminários, tendo por tema Maria, a Liturgia, as Missões, etc., como encontrei no Seminário de Toledo, onde estudei. Ajudam a cultivar o espírito e um estudo que nos complementa na caminhada de seminaristas e como grupo, que se reúne segundo os seus interesses de teologia, de devoção ou de pastoral. Este grupo de Ingolstadt cultivava a devoção a Maria como meio de luta e de cultivo das aspirações sacerdotais. O padre chamava-se Jacob Rem. O Papa Bento XVI reabriu o seu processo de beatificação há poucos anos. Está sepultado na catedral de Ingolstadt, ali nas margens do rio Danúbio.

No dia 6 de abril de 1604, o Padre Rem teve a curiosidade de saber qual o título da ladainha de Nossa Senhora, chamada Ladainha Lauretana, mais agradaria a Maria. Nesse dia, ao rezar a ladainha, teve o impulso de repetir três vezes “mãe admirável”. E assim, há 410 anos, naquela capela do seminário, hoje da universidade, surgiu o título “Mãe três vezes admirável”.

Em 1912 ou 1913, o P. José Kentenich, também alemão, teve a ideia de fundar no seu seminário, em Schoenstatt, uma congregação parecida e inspirada no Padre Rem, com o mesmo fim de educar os jovens seminaristas à luz de Maria. Por isso chamou à Virgem da capelinha de Schoenstatt: Mãe Três Vezes Admirável, um título já existente na Alemanha há trezentos anos.

Podemos vincular o título à Santíssima Trindade, às três virtudes teologais, a dogmas marianos, ao ser Virgem antes, durante ou depois do parto… Mas a razão foi por o Padre Rem ter repetido o título três vezes naquela oração no seminário. Ainda hoje a capela lá está, para nossa visita. O quadro da capela é o mesmo que está em Santa Maria Maior, padroeira de Roma. É assim, à luz de Maria três vezes admirável, que o Bispo do Porto, nosso de Aveiro durante oito anos, apaixonado pelas vocações e pelos seminários, entra na Diocese que tem Nossa Senhora de Vandoma por padroeira. E a nós, é-nos dado descobrir que o 6 de abril é o dia de Maria Admirável. E porque é admirável para cada um de nós, bem ao jeito bíblico, esta referência ao número três não tem limites, pois corresponde a todos e a cada um de nós e continuará a ser a estrela evangelizadora do Senhor Bispo António Francisco dos Santos… para quem Maria sempre será admirável!

Vitor Espadilha