Baptizados pagãos e comungantes não convertidos

Catequeses Quaresmais – 3 Baptismo e Eucaristia foram ponto de partida para a terceira Catequese Quaresmal que D. António Marcelino ofereceu na segunda-feira, à noite, no salão de S. Domingos, junto à Sé. Esta foi mais uma oportunidade experimentada por algumas dezenas de diocesanos, tendo em vista a preparação da vivência da Páscoa, o grande mistério da nossa fé, fundamentalmente dirigida a quem acredita que “Deus só fala para quem O quer ouvir”, como sublinhou o nosso Bispo.

Depois de recordar que a maioria dos pais ainda procura o Baptismo para os seus filhos e que hoje se comunga mais do que há algumas décadas atrás, D. António afirmou que, apesar disso, se vive “uma crise da consciência sacramental”, porque a motivação para receber os sacramentos se apoia mais na tradição do que numa fé esclarecida. Por isso –adiantou – “há muitos baptizados pagãos e muitos comungantes não convertidos e rotineiros”.

Considerou que aquela realidade se deve “a um subdesenvolvimento litúrgico e apostólico de muitas comunidades”, enquanto sublinhou que a “renovação da vida cristã das pessoas parte da descoberta e vivência da riqueza dos sacramentos”, nomeadamente do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia, “que desencadeiam o motor de uma vida com Cristo”.

Disse que os sacramentos da iniciação cristã exigem uma catequese que “faça crescer na vida de Deus e no compromisso pelo apostolado”, ao mesmo tempo que condenou as primeiras comunhões e os crismas ao jeito de quem passa num exame.

Citando João Paulo II, acrescentou que o Baptismo “é o verdadeiro ingresso na santidade” e que “seria um contra-senso o cristão contentar-se com uma vida medíocre”. Sobre a Eucaristia, e voltando ao Papa, referiu que este dom de Deus deve ser assumido não para obedecer a um preceito, “mas como necessidade para uma vida cristã verdadeiramente consciente e coerente”.

D. António Marcelino lembrou aos presentes que o Baptismo nos torna filhos de Deus e membros de uma família, que é a Igreja, devendo cada um concorrer, com os dons que recebe, “para a unidade e crescimento harmónico do Corpo de Cristo”. E logo adiantou que esses dons têm de ser alimentados pelos sacramentos, para que não se desvirtuem e possam contribuir para o enriquecimento das comunidades, levando-as a ser “missionárias e apostólicas”.

“A Eucaristia será sempre o sacramento que mais liga o cristão a Jesus Cristo”, salientou o nosso Bispo, que acrescentou: “O seu abandono leva ao abandono da fé, com todas as suas consequências. A perda da relação com a comunidade celebrante leva à perda do sentido comunitário e apostólico ou de comunhão e de solidariedade fraterna.”

A propósito da Confirmação, disse que este sacramento deve ser, para aquele que tomou consciência do seu Baptismo, “o acolhimento agradecido do dom do Espírito Santo, que lhe permite viver e actuar como filho de Deus, na comunidade cristã e no mundo”.