Mais do que ouvir

M. Oliveira de Sousa Professor

M. Oliveira de Sousa
Professor

Saber ouvir!
Instigados pela força das circunstâncias, que são sempre excelentes motivos para ponderar grandes projetos, fizemos um pequeno percurso para “voltar a ouvir” o que se diz sobre o assunto.
Não há como contornar a questão: ouvir é mesmo uma arte na relação com os outros, com o mundo. Como Fernando Pessoa, “às vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”.
É avisado ter presente que na vida, é preciso ter muito cuidado com o que ouvimos, porque há mentiras cativantes e verdades sem graça, e isso costuma confundir a razão.
É curioso visualizar o retrato que podemos fazer desta confusão da razão baseado na expressão de F. Nietzsche, “aqueles que foram vistos a dançar foram julgados por insanos pelos que não podiam escutar a música”.
Será que ouvir e escutar são confundíveis?!
“Escutar é muito mais do que ouvir – Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações 2016. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de omnipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum.
Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais cómodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia”.
Quem se ocupa com o bem comum, deve escutar. Este é verdadeiramente o primeiro passo!