Não é extraordinário ter um Papa normal?

 

TEMOS DE SER NORMAIS Papa Francisco em conversa com Antonio Spadaro Paulinas 136 páginas

TEMOS DE SER NORMAIS
Papa Francisco em conversa com Antonio Spadaro
Paulinas
136 páginas

O SONHO DO PAPA FRANCISCO. OS JOVENS NO CORAÇÃO DA IGREJA Antonio Spadaro Paulinas 112 páginas

O SONHO DO PAPA FRANCISCO. OS JOVENS NO CORAÇÃO DA IGREJA
Antonio Spadaro
Paulinas
112 páginas

Quando em outubro de 2013 o P.e Antonio Spadaro esteve em Fátima, nas jornadas das comunicações sociais promovidas pela Igreja católica, foi inevitável que se gerasse um espaço para que ele falasse do Papa. O padre jesuíta italiano, diretor de “La Civiltà Cattolica” e Consultor do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, estava em Portugal para falar de “Ciberteologia” e sobre como “pensar o cristianismo no tempo da rede”. Mas a curiosidade dos participantes das jornadas e principalmente dos jornalistas virou-se para a entrevista que fizera ao Papa em nome de 16 revistas ligadas aos jesuítas (entre as quais a portuguesa “Brotéria”; refira-se, aliás, que a ideia de entrevistar o Papa nascera numa reunião de responsáveis editoriais jesuítas em Lisboa).
A certa altura, Antonio Spadaro revelou em Fátima que tinha como projeto escrever um livro sobre o Papa Francisco a cada seis meses. Ora, passado um ano sobre a eleição de Jorge Mario Bergoglio, cá estão dois livros sobre o Papa. Para já, está a cumprir. E supomos que, perante a atividade e a novidade constante do Papa argentino, não terá dificuldade em produzir os tais dois livros por ano.
“Temos de ser normais” é uma partilha sobre os bastidores da tal entrevista das revistas dos jesuítas (e publicada ao longo de várias semanas na última página do Correio do Vouga). Spadaro reflete sobre o que o Papa disse, dá contexto, aprofunda, acrescenta episódios, gestos e expressões. “Temos de ser normais”. E os episódios dos bastidores mostram um “papa normal”, que pergunta ao entrevistador se quer sumo de alperce ou limonada. “Fiquei surpreendido com tão insólita alternativa. Escolhi o alperce, supondo que o papa ia pedir a alguém que trouxesse o sumo. Na realidade, porém, ele é que se levantou, pegando no copo, numa mesinha na garrafa de sumo de alperce e servindo-me (…)” (pág. 126). O Papa quis limonada.

“O Sonho do Papa Francisco. Os jovens no coração da Igreja” é a tentativa de “perceber o significado profundo” dos “dias brasileiros” (Jornada Mundial da Juventude, de 22 a 28 de julho de 2013, no Rio de Janeiro) para o rosto futuro de Igreja.

Mais uma vez somos surpreendidos neste livro com a normalidade de Francisco, para lá das notas eclesiológicas e pastorais que o autor acrescenta. Quando um Papa é normal, temos uma surpresa enorme. Perguntaram-lhe o que levava dentro da pasta preta. É pouco usual um pontífice levar consigo a sua pasta. “Não era a chave da bomba atómica!” – comentou ao regressar do Brasil. E disse que tinha dentro da pasta uma navalha da barba, o breviário, a agenda, um livro para ler, uma imagem Santa Teresinha, de quem é devoto. “Sempre andei com a pasta, quando viajo: é normal. Mas devemos ser normais. (…) Devemos habituar-nos a ser normais. A normalidade da vida” (pág. 9) – no início deste segundo livro, mais uma explicação para o título do primeiro.

Jorge Pires Ferreira