O caminho

QUERUBIM SILVA Padre. Diretor

QUERUBIM SILVA
Padre. Diretor

O Papa Francisco, no Angelus de domingo passado, fez, como é habitual, uma referência explícita ao evangelho do dia. E foi tão claro, tão prático e incisivo, que não podemos deixar passar ao arquivo do esquecimento essas pérolas de palavras.
A meta final para a qual nós caminhamos não é um tempo, nem um lugar. É um encontro! Um encontro com o Senhor ressuscitado. Por isso, não importa calcular ou imaginar o “quando”, mas o como preparar-nos para esse encontro. Porque tal encontro não é um ponto de chegada; é, antes, uma presença constante na nossa vida. Ele “está sempre ao nosso lado, acompanha-nos sempre”…
O cristão, por isso mesmo, tem todas as razões para fazer uma peregrinação de esperança. Porque Ele “está ao lado, caminha connosco, quer-nos bem”. Ele, “quer subtrair os seus discípulos de cada tempo à curiosidade das datas, das previsões, dos horóscopos; e concentra a nossa atenção sobre o hoje da história. (…) Esta presença de Jesus chama-nos à espera e à vigilância, que excluem tanto a impaciência como a sonolência, tanto a fuga para a frente como o permanecer prisioneiros do tempo atual e da mundanidade”.
Em seguida, o Bispo de Roma insinua a tentação a que tantos cedem de lerem diariamente o horóscopo. “E quando te der a vontade de ler o horóscopo, olha para Jesus, que está contigo. É melhor! Vai fazer-te melhor!” – sentenciou. Que interpelação frontal a tanta “fé” embrulhada em malabarismos, que exploram a ignorância, mas sobretudo a insegurança das pessoas.
Reconhece o Santo Padre que “nos nossos dias não faltam calamidades naturais e morais, e não menos adversidades e contrariedades de todo o género. Tudo passa – recorda-nos o Senhor -; apenas a Sua Palavra permanece como luz que guia”…
Após a recitação do Angelus, o Pontífice exprimiu a sua dor e a solidariedade com as Autoridades e o Povo francês; e manifestou especial proximidade com os familiares dos mortos e feridos. Sem deixar de constatar a perplexidade que nos possui: “Tanta barbárie deixa-nos desanimados e interroga-nos como pode o coração humano idealizar e realizar atos tão horríveis”, que afrontam a dignidade humana.
E conclui com uma dupla fortíssima afirmação, que é denúncia: “Quero reafirmar com vigor que o caminho da violência e do ódio não resolve os problemas da humanidade e que utilizar o nome de Deus para justificar este caminho é uma blasfémia”. Que ecoem pelo mundo inteiro estes gritos de verdade! Que entrem nos ouvidos de todos, a começar pelos daqueles que querem “mandar” nos destinos dos povos!