Bem-vindos ao site português do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil dedicado à JMJ16.

 JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE 2016
CRACÓVIA, POLÓNIA - 26 JULHO A 31 JULHO

«Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia» (Mt 5,7) 

Encontro Formativo 1 - Quem nos fará felizes?

 

1. Introdução/objetivos

Todos os homens aspiram à felicidade. Nisso estão de acordo, desde a antiguidade até ao presente, filósofos, teólogos e psicólogos, pro mais diferentes que sejam os seus pontos de vista quanto aos meios; do mesmo modo, grandes escritores, entre os quais alguns tão diferentes entre si como Dostoiewski, Herman Hess ou Graham Green.

«Todas as pessoas querem ser felizes»: este axioma do maior filósofo grego – Platão – foi aceite e retomado, tanto pelo teólogo Santo Agostinho, como também pelo psicólogo Freud. A Filosofia entendeu-se, desde sempre, como ars bene e beate vivendi, como doutrina e instrução da vida boa e feliz.

A Filosofia grega conhecia três palavras para designar aquilo que, na nossa língua, denominamos a felicidade:

a) O primeiro conceito é eudaimonia. Eu significa «bem, bom» e daimon designa o «anjo da alma». O que se quer referir, com este vocábulo, é o âmbito interior da alma, o potencial anímico no homem. É feliz, portanto, a pessoa que tem uma boa relação com a sua alma, isto é, com o seu núcleo divino.

b) O segundo conceito para designar felicidade é eutyche. Tyche é o acaso. Eutyche significa, pois, o que me sucede de bem. Dizemos: «Tive sorte». Isso quer dizer: «sucedeu algo que me fez feliz». Esta felicidade sucede, pois, vinda do exterior. Sucede, simplesmente. Não se pode forçar, como o próprio comportamento.

c) Um terceiro conceito é ainda mais importante, se queremos aproximar-nos mais da compreensão bíblica da felicidade: makarios. Este conceito significa «feliz», «ditoso», e, entre os gregos, é reservado unicamente aos deuses. Os deuses do Olimpo eram livres. Não estavam sujeitos ao trabalho e às canseiras da vida. Não precisavam de se orientar por ninguém. Eram totalmente eles próprios, eram perfeitos em harmonia consigo mesmos, independentes de outros seres humanos e de poderes alheios exteriores. Eram felizes por causa da sua imortalidade e perene juventude. A Bíblia, no Antigo Testamento, utiliza precisamente este terceiro termo para descrever o estado da pessoa que se orienta pelo mandamento de Deus, e, no Novo Testamento, para descrever o estado da pessoa que escuta e põe em prática as palavras de Jesus. Segundo Jesus, é feliz quem O vê no seu mistério divino, O compreende e se orienta pelas suas palavras. Poder-se-ia dizer que, segundo esta compreensão, a felicidade alcança-se por meio de uma vivência, que me é concedida, por exemplo, por meio de uma intensa experiência de Deus. E a felicidade depende do meu agir, da escuta, e do seguimento das palavras de Jesus.

O Sermão da Montanha (Mt 5, 3-10) é o texto central para o nosso tema. É que, nesse discurso, Jesus utiliza oito vezes a palavra makarios. Oito vezes Jesus proclama os homens felizes ou bem-aventurados.

 

Objetivos deste encontro são:

·         Ajudar a perceber o verdadeiro sentido da felicidade ao jeito de Jesus;

·         Fazer a experiência da subida ao monte na perspetiva do seguimento de Jesus, da escuta da sua Palavra e do estilo de vida que compõe a sua lógica de felicidade;

·         Levar a viver um realismo esperançoso próprio de quem “ri com quem ri” e “chora com que chora”.

 

 

2. Dinâmica

 

Porque não a dinâmica de subir, realmente, a um monte? Propor uma caminhada em que os jovens sejam convidados a não levar quase nada.

Convidar os jovens a fazerem uma caminhada, se houver um monte próximo subir a um monte. Esta caminhada será denominada “subir à montanha da felicidade”, sendo uma caminhada, simboliza a nossa caminhada na vida, em busca da felicidade.

Na impossibilidade de subir a um monte ou caminhar no exterior podem realizar-se as 3 paragens em 3 salas diferentes ou em 3 cantos da mesma sala.

Ao longo da caminhada haverá 3 paragens com uma dinâmica em cada paragem, como se segue:

 

1ª Paragem – Despojamento                  

 

Entregar a cada participante um cópia do texto abaixo e pedir que leiam em silêncio.

 

Segundo Matthieu Ricard, existem dez coisas que nós acreditamos que nos farão felizes, mas que na verdade não farão. Matthieu Ricard, é um monge budista e já foi apresentado como “o homem mais feliz do mundo”, tendo sido palestrante do TED sobre a felicidade, podes ver o vídeo no seguinte endereço: (http://tinyurl.com/TEDRicard).

Se olharmos bem e formos sinceros, vamos perceber que todos procuramos algo que está nesta lista… e provavelmente, procuramos até mais do que um dos itens. A lista é a seguinte:

1. Ser rico, poderoso e famoso.

2. Tratar o universo como se fosse um catálogo de pedidos para os nossos caprichos e desejos.

3. Desejar “liberdade” para fazer tudo o que vem à mente. (Isto não é ser livre, mas escravos de nossos pensamentos).

4. Buscar constantemente sensações prazerosas, uma após a outra. (as sensações de prazer rapidamente se desfazem e se tornam até chatas ou desconfortáveis).

5. Querer vingar-nos de forma maldosa de qualquer pessoa que nos tenha ferido. (ao fazer isso tornamo-nos tão ruins quanto eles, e envenenamos nossas mentes).

6. “Se eu tivesse tudo, certamente ficaria feliz”, ou “Se eu tiver isto ou aquilo, eu posso ser feliz.” (tais previsões não são geralmente corretas).

7. Querer sempre ser lisonjeado e nunca enfrentar qualquer tipo de crítica. (o que não nos ajudará a progredir).

8. Eliminar todos os seus inimigos. (A animosidade nunca nos trará a felicidade).

9. Nunca enfrentar as adversidades. (Isto nos faz fracos e vulneráveis).

10. Enfocar os nossos esforços em apenas cuidar de nós mesmos. (o amor altruísta e compaixão são as raízes da verdadeira felicidade).

Procura agora reler esta listagem e identificar itens que sentes que constituem pensamentos teus sobre a felicidade.

 

Depois do exercício de reflexão, o animador propõe que cada um se despoje de tudo o que não é essencial para caminhar… Devem ser coisas concretas como o telemóvel, a carteira, o casaco, etc. Estes objetos simbolizam o despojamento das ideias falsas sobre a felicidade que foram identificadas.

Conclusão: No nosso caminho para a felicidade precisamos de despojar-nos das falsas ideias sobre ela, ou corremos o risco de caminhar para falsas felicidades…

 

2ª Paragem – Sorte e Felicidade

 

Formar pequenos grupos de 3 a 4 pessoas e discutir no grupo a questão da sorte e da felicidade a partir das questões abaixo indicadas:

 

·      Será sorte a mesma coisa que felicidade?

·      Quais as diferenças entre sorte e felicidade?

·      Partilhem momentos em que se sentiram pessoas com sorte ou pessoas com felicidade: Que têm em comum? Quais as diferenças?

 

Conclusão: A felicidade é muito mais uma construção do que um acaso, exigindo portanto, uma opção e trabalho. Na vida, podemos experimentar alguns acontecimentos (ocasionais) como momentos felizes, mas a felicidade que buscamos e que o nosso coração precisa/deseja não se esgota nalguns momentos felizes, é algo mais profundo.

 

3ª Paragem – Quem nos fará felizes?

 

Entregar a cada jovem uma folha com a citação do Zaqueu, o cobrador de impostos. A folha tem também algumas questões para identificarem o que significa a felicidade para Jesus e para Zaqueu.

 

“Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. Havia ali um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos publicanos. Ele queria ver quem era Jesus, mas, sendo de pequena estatura, não o conseguia, por causa da multidão. Assim, correu adiante e subiu numa figueira brava para vê-lo, pois Jesus ia passar por ali. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: "Zaqueu, desce depressa, hoje quero ficar em tua casa". Então ele desceu rapidamente e recebeu-o com alegria. Todo o povo viu isso e começou a queixar-se: "Ele hospedou-se na casa de um pecador". Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: "Olha, Senhor! Vou dar metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais". Jesus disse-lhe: "Hoje veio a salvação a esta casa! Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido”. (Lucas 9, 1-10)

 

Zaqueu era rico e bem-sucedido na sua profissão de cobrador de impostos, no entanto alguma coisa não estava bem, pois sabendo que Jesus passaria por ali (e sabendo que ele fazia milagres e ajudava as pessoas) vai colocar-se num local onde O pudesse ver… Quando o vê toda a sua vida se transforma… Que alegria teria experimentado ele que fez com que dissesse que daria metade dos seus bens aos pobres? É o oposto daquilo que viveu até ao momento… Ele com o coração inundado da mais profunda alegria muda a sua vida.

O que era para Zaqueu a felicidade? O que mudou ao conhecer Jesus? O que passou a ser a felicidade para Zaqueu?

 

Jesus anda de terra em terra, falando com as pessoas, curando-as, dando-lhes dignidade, procurando que sejam felizes… A passagem de Jesus é marcante e muitos querem vê-lo. Ao perceber que Zaqueu era também um desses que O queriam ver, Jesus adianta-se e fala-lhe… E salva-lhe a vida. Que alegria tão grande seria a que Jesus sentiu para dizer “hoje houve salvação nesta casa!”

O que era para Jesus a felicidade? O que implicava construir a sua felicidade? Com que ações concretas a ia construindo?

O que é que este texto bíblico te diz a ti sobre o que é a felicidade, onde a encontramos e como a construímos?

 

Devem dar-se 10 minutos para que os jovens possam meditar/refletir em silêncio e depois promove-se uma partilha por grupos em torno das questões propostas.

Conclusão: A felicidade acontece no encontro com Jesus de coração a coração, que transforma as nossas vidas. A felicidade depende também do agir de cada um de nós, da escuta e do seguimento das Palavras de Jesus.

 

 

3. Oração

 

(Rezar juntos a oração de S. Francisco de Assis; em alternativa, cantá-la com uma melodia que todos conheçam.)

 

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar,
que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

 

4. Mexe-te

Propor aos jovens um pequeno inquérito sobre a felicidade, pela comunidade, famílias e/ou escolas por onde vivem, decidindo juntos as perguntas a fazer e tirando partido dos resultados no próximo encontro.

 

DESCARREGAR

Encontro formativo 1 (docx)

Email