Bem-vindos ao site português do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil dedicado à JMJ16.

 JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE 2016
CRACÓVIA, POLÓNIA - 26 JULHO A 31 JULHO

«Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia» (Mt 5,7) 

As bem-aventuranças... no Magistério actual

Concílio Vaticano II

LG 31: «Os religiosos, no seu estado, dão magnífico e privilegiado testemunho de que não se pode transfigurar o mundo e oferecê-lo a Deus sem o espírito das bem-aventuranças»

 

GS 72: «Os cristãos que desempenham parte ativa no atual desenvol- vimento económico-social e lutam pela justiça e pela caridade, estejam convencidos de que podem contribuir muito para o bem da humani- dade e a paz do mundo... Adquirindo a competência e experiência abso- lutamente indispensáveis, respeitem a devida hierarquia entre as ativi- dades terrenas, fiéis a Cristo e ao seu Evangelho, de maneira que toda a sua vida, tanto individual como social, seja penetrada do espírito das bem-aventuranças, e, especialmente, do espírito de pobreza»

AA 4: «O amor de Deus “derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5,5), toma os leigos capazes de exprimir com verdade, na própria vida, o espírito das bem-aventuranças».

Catecismo da Igreja Católica

459 Jesus é o modelo das Bem-aventuranças.

581 Jesus apareceu aos olhos dos judeus e dos seus chefes espirituais como um "rabi"... Nele, é a mesma Palavra de Deus que tinha ressoado no Sinai para a Moisés a Lei escrita, que se faz ouvir novamente sobre o Monte das Bem-aventuranças.

932 Os que estão nesta via "mais estreita" [da vida consagrada] estimulam os seus irmãos pelo seu exemplo, dão o magnífico testemunho de "que o mundo não pode ser transfigurado e oferecido a Deus sem o espírito das bem-aventuranças".

1658 Muitas destas pessoas [celibatárias] ficam sem família humana, muitas vezes por causa das condições de pobreza. Há entre elas algumas que vivem esta situação no espírito das bem-aventuranças, servindo a Deus e ao próximo de modo exemplar.

1697 Importa, na catequese, revelar com toda clareza a alegria e as exigências do caminho de Cristo. A catequese da “vida nova” (Rm 6,4) em Cristo será: [uma catequese do Espírito Santo; uma catequese da graça]; uma catequese das bem-aventuranças, pois o caminho de Cristo resume-se nas bem-aventuranças, único caminho para a felicidade eterna, à qual o coração do homem aspira.

P. III, C. 1, ART. 2: A VOCAÇÃO DO HOMEM À BEM-AVENTURANÇA ETERNA:

1716 (=1725) As bem-aventuranças estão no coração da pregação de Jesus. O seu anúncio retoma as promessas feitas ao povo eleito desde Abraão. Jesus completa-as, ordenando-as já não à mera fruição de uma terra, mas ao Reino dos Céus.

1717 As bem-aventuranças traçam a imagem de Cristo e descrevem a sua caridade; exprimem a vocação dos fiéis associados à glória da sua Paixão e Ressurreição; iluminam as ações e atitudes características da vida cristã; são promessas paradoxais que sustentam a esperança nas tribulações; anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas pelos discípulos; já estão inauguradas na vida da Virgem Maria e de todos os santos.

1718 As Bem-Aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Este desejo é de origem divina: Deus pô-lo no coração do homem, a fim de o atrair a si, pois só ele pode satisfazê-lo.

1719 (=1726) As Bem-Aventuranças desvendam o objetivo da exis- tência humana, o fim último dos atos humanos. Deus chama-nos à sua própria bem-aventurança. Este chamamento dirige-se a cada um, pessoalmente, mas também a toda a Igreja, povo novo formado por aqueles que acolheram a promessa e a vivem na fé.

1720 O Novo Testamento usa várias expressões para caracterizar a bem-aventurança [eterna] à qual Deus chama o homem: a vinda do Reino de Deus; a visão de Deus: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mt 5,8).

1721 A bem-aventurança [eterna] faz-nos participar da natureza divina (1 Pd 1,4) e da vida eterna. Com ela, o homem entra na glória de Cristo e no gozo da vida trinitária.

1722 A Bem-Aventurança [eterna] ultrapassa a inteligência e as forças exclusivamente humanas. Resulta de um dom gratuito de Deus. É por isso que se diz ser sobrenatural, como também a graça que dispõe o homem a entrar na alegria divina. "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”.

1723 [=1728] A bem-aventurança prometida põe-nos perante escolhas morais decisivas. Convida-nos a purificar o nosso coração dos seus maus instintos e a procurar o amor de Deus acima de tudo. Ensina que a verdadeira felicidade não está nas riquezas ou no bem- estar, nem na glória humana ou no poder, nem em qualquer obra humana, por mais útil que seja, como as ciências, a técnica e as artes, nem em outra criatura qualquer, mas apenas em Deus, fonte de todo o bem e de todo o amor.

1729 A bem-aventurança do Céu determina os critérios de discer- nimento no uso dos bens terrestres, de acordo com a Lei de Deus.

1820 A esperança cristã manifesta-se desde o inicio da pregação de Jesus no anúncio das bem-aventuranças. As bem-aventuranças elevam a nossa esperança ao céu, como para a nova Terra prometida; traçam o caminho no meio das provação reservadas aos discípulos de Jesus.

967 (=1984) A Lei evangélica "cumpre plenamente", apura, ultra- passa e aperfeiçoa a Lei antiga. Nas "bem-aventuranças”, ela realiza plenamente as promessas divinas, elevando-as e ordenando-as ao “Reino dos Céus". Dirige-se àqueles que se mostram dispostos a acolher com fé esta esperança nova – os pobres, os humildes, os aflitos, os de coração puro, os perseguidos por causa de Cristo –, traçando assim os surpreendentes caminhos do Reino».

2015 O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças. Aquele que vai subindo jamais cessa de progredir de começo em começo, por começos que não têm fim. Aquele que jamais cessa de desejar aquilo que já conhece.

2444 O amor da Igreja pelos pobres... inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças, na pobreza de Jesus e na sua atenção aos pobres.

2518 A sexta bem-aventurança proclama: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mt 5,8). A expressão "puros de coração" designa aqueles que entregaram o coração e a inteligência às exigências da santidade de Deus, principalmente em três campos: a caridade, a castidade ou retidão sexual, o amor à verdade e à ortodoxia da fé. Existe um laço de união entre a pureza do coração, do corpo e da fé.

2519 Aos "puros de coração” está prometido ver a Deus face a face e ser semelhantes a Ele. A pureza de coração é a condição prévia da visão. Desde já nos concede ver segundo Deus, receber o outro como um "próximo"; permite-nos perceber o corpo humano, o nosso e o do próximo, como um templo do Espírito Santo, uma manifestação da beleza divina.

2546 “Bem-aventurados os pobres em espírito" (Mt 5,3). As bem-aven- turanças revelam uma ordem de felicidade e de graça, de beleza e de paz. Jesus celebra a alegria dos pobres, a quem já pertence o Reino: O Verbo chama "pobreza em espírito" à humildade voluntária de um espírito humano e à sua renúncia; o Apóstolo dá-nos como exemplo a pobreza de Deus quando diz: "Ele fez-se pobre por nós" (2 Cor 8,9).

2547 A confiança em Deus predispõe para a bem-aventurança dos pobres. Eles verão a Deus.

2548 O desejo da felicidade verdadeira liberta o homem do apego imoderado aos bens deste mundo, (felicidade) que se realizará na visão e na bem-aventurança de Deus. A promessa de ver a Deus ultrapassa todas as bem-aventuranças. Na Escritura, ver é possuir. Aquele que Vê a Deus obteve todos os bens que podemos imaginar.

2639 O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediata- mente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá- lhe glória, mais do que por aquilo que faz, por aquilo que Ele é. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória.

2660 Orar nos acontecimentos de cada dia e de cada instante é um dos segredos do Reino revelados aos "pequeninos", aos servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças.

2821 [O pedido “Venha a nós o vosso Reino”] produz o seu fruto na vida nova segundo as Bem-aventuranças.

2833 [“O pão nosso de cada dia”] Trata-se do "nosso" pão, "um" para "muitos". A pobreza das bem-aventuranças é a virtude da partilha que convida a comunicar e a partilhar os bens materiais e espirituais, não por coação, mas por amor, para que a abundância de uns venha em socorro das necessidades dos outros.

Papas

João Paulo II, A vocação e missão dos leigos, 16: «A vida segundo o Espírito, cujo fruto é a santificação (Rm 6,22; cf. Gl 5,22), suscita e exige de todos e de cada um dos batizados o seguimento e imitação de Jesus Cristo, no acolhimento das suas Bem-aventuranças». Francisco, A alegria do Evangelho: 193: «[O imperativo de ouvir o clamor dos pobres é recorda em] O Evangelho proclama: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7)»; 197: «A quantos sentiam o peso do sofrimento, acabrunhados pela pobreza, [Jesus] assegurou que Deus os tinha no âmago do seu coração: “Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6,20)»; 227: «Há uma terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo. “Felizes os pacificadores” (Mt 5,9)!»; 244 (ecumenismo): «Devemos lembrar-nos sempre de que somos pe- regrinos e peregrinamos juntos. Para isso, devemos abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus. O abrir-se ao outro tem algo de artesanal, a paz é artesanal. Jesus disse-nos: “Felizes os pacificadores” (Mt 5,9)».

As bem-aventuranças, o bilhete de identidade do cristão

As bem-aventuranças são “o bilhete de identidade do cristão”, afirmou o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã de 9 de Junho de 2014 em Santa Marta. Evocando o trecho evangélico de Mateus (5, 1-12) proposto pela liturgia, assim o comentou.

Jesus fala “com toda a simplicidade”, fazendo como que “uma paráfrase, uma glossa dos dois maiores mandamentos: amar o Senhor e amar o próximo”. De modo que se algum de nós se perguntar: ‘Que se deve fazer para ser um bom cristão?’, a resposta é simples: ‘é preciso fazer o que Jesus diz no discurso das bem-aventuranças’. Um discurso que vai tão ‘contra a corrente’, em relação ao que é habitual, ao que se faz no mundo. Mas o Senhor sabe onde está o pecado e onde está a graça, e conhece bem os caminhos que levam ao pecado e os que conduzem à graça.

Felizes os pobres em espírito: isto é “pobreza contra riqueza. O rico sente-se normalmente seguro com as suas riquezas. O próprio Jesus no-lo disse na parábola do celeiro, ao falar daquele homem seguro que, como insensato, não pensa que pode morrer naquele mesmo dia. As riquezas não te asseguram nada. Aliás, quando o coração é rico, está tão satisfeito consigo mesmo, que nele não há lugar para a palavra de Deus. É por isso que Jesus diz: Bem-aventurados os pobres em espírito, que têm o coração pobre para que o Senhor possa entrar.

E também: Bem-aventurados os que choram porque serão consolados. Pelo contrário, o mundo diz-nos: a alegria, a felicidade, o divertimento, isto é o bom da vida! Ignora, olha para o outro lado, quando existem problemas de saúde e dores na família. De facto, o mundo não quer chorar: prefere ignorar as situações dolorosas, cobri-las. Ao invés, só a pessoa que vê as coisas como são, e chora no seu coração, é feliz e será consolada: com a consolação de Jesus e não com a do mundo.

Bem-aventurados os mansos é uma expressão muito forte, sobretudo neste mundo que, desde o princípio, é um mundo de guerras, um mundo onde por toda a parte há conflitos, onde em todos os lugares há ódio. E Jesus diz: ‘nada de guerras, nada de ódio. Paz, mansidão!’ Poderá alguém objetar: ‘Se sou assim manso na minha vida, pensarão que sou idota’. Sim, isto poderá acontecer, mas deixa que sejam os outros a pensar nisto; sê tu manso, porque com esta mansidão terás a terra como herança. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça é uma outra afirmação de Jesus que se dirige a todos os que “lutam pela justiça, para que haja justiça no mundo”. A realidade mostra-nos que “é tão fácil entrar nos círculos de corrupção”, fazer parte “daquela politica quotidiana do do ut des (dou para que me dês), onde tudo é negócio”.

“Quantas injustiças e quantas pessoas sofrem por causa destas injustiças!”. É precisamente por causa disto que Jesus diz: “Bem- aventurados os que lutam contra estas injustiças”. Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. Trata-se daqueles que perdoam, que compreendem os erros dos outros. Jesus não diz bem-aventurados os que fazem a vendeta, os que se vingam ou que dizem ‘olho por olho, dente por dente’, mas chama bem-aventurados os que perdoam, os misericordiosos. Porque todos nós somos um exército de perdoados! Todos nós fomos perdoados. E por isso é bem-aventurado quem toma esta estrada do perdão.

Bem-aventurados os puros de coração, os que têm um coração simples, puro, sem porcaria: um coração que sabe amar com aquela pureza tão bela.

Bem-aventurados os que promovem a paz recorda tantas situações de guerra que se repetem. Mas para nós é tão comum sermos promotores de guerras ou pelo menos promotores de mal-entendidos! Quando eu ouço algo de alguém e vou ter com a outra pessoa e lho conto, também faço uma segunda edição um pouco mais longa e a refiro. É o mundo dos mexericos, composto de pessoas que contam mexericos, que não fazem a paz, que são inimigas da paz. E que, certamente, não são bem-aventuradas. Por último, proclamando Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, Jesus recorda quantas pessoas são perseguidas e foram perseguidas simplesmente por terem lutado pela justiça.

Este é o programa de vida que Jesus nos propõe. Um programa tão simples mas tão difícil. Se quisermos algo mais, Jesus dá-nos também outras indicações, em especial aquele protocolo sobre o qual nós seremos julgados, que se encontra no capítulo 25 do Evangelho de Mateus: Tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; estive doente e visitastes-me, estive preso e viestes-me ver. Com essas duas coisas – as Bem-aventuranças e Mateus 25 – pode viver-se a vida cristã ao nível da santidade. De resto, os santos nada mais fizeram do que viver as bem-aventuranças e o protocolo do juízo final. São poucas palavras, palavras simples, mas práticas, para todos, porque o cristianismo é uma religião prática: a praticar, a ser praticada e não só pensada.

Hoje, se tiverdes um pouco de tempo em casa, lede o Evangelho de Mateus, capítulo cinco; no início estão estas bem-aventuranças. E depois no capítulo 25, estão as outras. Far-vos-á bem ler uma, duas ou três vezes este que é o programa de santidade. Que o Senhor nos dê a graça de compreender esta mensagem!

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