Simples e humildes de coração

A liturgia deste 14.º Domingo do Tempo Comum ensina-nos onde encontrar Deus: na simplicidade, na humildade, na pobreza, na pequenez. Deus não se revela na arrogância, no orgulho, na prepotência.

A primeira leitura de Zacarias apresenta-nos um enviado de Deus que vem ao encontro dos homens precisamente nessa forma de ser, eliminando assim os instrumentos de guerra e de morte, e instaurando a paz definitiva.

Na segunda leitura, Paulo convida os crentes a viverem «segundo o Espírito», com o coração plenamente aberto para Deus, e não «segundo a carne».

No Evangelho, vemos que a proposta de salvação que Deus faz aos homens encontra acolhimento no coração dos pequeninos. Os grandes, instalados no seu orgulho e autossuficiência, não têm tempo nem disponibilidade para os desafios de Deus; mas os pequenos, na sua pobreza e simplicidade, estão sempre disponíveis para acolher a novidade libertadora de Deus.

Sabe bem acolher o convite do Senhor no Evangelho de hoje: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas».

Os critérios de Deus são bem estranhos, se forem vistos com as lentes do mundo. Afinal, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos. Até queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as ideias, a definir o que é correto ou não.

Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelos pequeninos: são eles que estão sempre disponíveis para acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do Reino. O que garante a posse da verdade é ter um coração aberto a Deus e às suas propostas.

Como é que chegamos a Deus? Como percebemos o seu rosto? Como fazemos uma experiência íntima e profunda de Deus? Só através da Pessoa de Jesus, o Filho que conhece o Pai; só quem segue Jesus e procura viver como Ele, no cumprimento total dos planos de Deus, pode chegar à comunhão com o Pai.

Há crentes que, por terem feito catequese, por irem à missa ao domingo e por fazerem parte de quase todos os grupos da paróquia, acham que conhecem Deus, que têm com Ele uma relação estreita de intimidade e comunhão. Até pode ser. Mas atenção: só conhece Deus quem é simples, manso e humilde de coração e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus, e só desse modo simples e humilde, que nos tornamos filhos de Deus.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org