Lei como caminho de encontro com Deus

Escutemos a Palavra de Deus neste Sexto Domingo do Tempo Comum. Que compromisso assumimos ao recebê-la?

Na segunda leitura, Paulo apresenta a sabedoria de Deus ou o mistério que Ele preparou desde sempre para aqueles que o amam, que esteve oculto aos olhos dos homens, mas que Jesus Cristo revelou com a sua pessoa, as suas palavras, os seus gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz. Como acolhemos este projeto do amor de Deus?

A primeira leitura recorda-nos que somos livres de escolher entre a proposta de Deus, que conduz à vida e à felicidade, e a nossa própria autossuficiência, que conduz quase sempre à morte e à desgraça. Para ajudar a pessoa que escolhe a vida, Deus propõe mandamentos: são os sinais com que Ele delimita o caminho que conduz à salvação. Que sentido damos às leis de Deus?

O Evangelho completa a reflexão, propondo a atitude de base com que a pessoa deve abordar esse caminho balizado pelos mandamentos: não se trata apenas de cumprir regras externas, no respeito estrito pela letra da lei, mas de assumir uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas, que tenha correspondência em todos os passos da vida.

As interpelações dos vários exemplos apresentados por Jesus comprometem as nossas vidas com a Palavra de Deus. Somos convidados a viver na dinâmica do Reino, a acolher com alegria, entusiasmo e total adesão o projeto de vida plena que Deus nos quer oferecer.

Os nossos comportamentos externos têm de resultar, não do medo ou do calculismo, mas de uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas. Os mandamentos não são princípios sagrados que temos de cumprir mecanicamente, sob pena de receber castigos, o maior dos quais será o inferno, mas são indicações que nos ajudam a potenciar a nossa relação com Deus e a não nos desviarmos do caminho que conduz à vida. O cumprimento das leis, de Deus ou da Igreja, não é uma obrigação que resulta do medo, mas o resultado lógico da nossa opção por Deus e pelo Reino.

Não podemos deixar nunca que as leis, mesmo que sejam leis muito sagradas, se transformem num absoluto ou que contribuam para escravizar a pessoa. As leis ou os mandamentos devem ser sinais indicadores desse caminho que conduz à vida plena.

O que é verdadeiramente importante é que caminhemos na história, com as nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias, em direção à felicidade e à vida definitiva, que só acontece no encontro com Deus. Deste modo poderemos rezar como o Salmista: «Ditoso o que anda na lei do Senhor. Felizes os que seguem o caminho perfeito e andam na lei do Senhor. Felizes os que observam as suas ordens e O procuram de todo o coração».

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org