Comentário do padre Manuel Barbosa, scj

 

Seguir Cristo, renovar a vocação

As leituras deste Segundo Domingo do Tempo Comum fazem-nos refletir sobre a nossa vocação, a nossa disponibilidade para acolher o chamamento de Deus no seguimento de Jesus Cristo.

O chamamento é sempre uma iniciativa de Deus, que vem ao encontro da pessoa e a chama pelo nome, como se nota na história do chamamento de Samuel, na primeira leitura. Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viver de forma coerente o chamamento que Deus lhes fez.

Segundo o Evangelho, o discípulo de Jesus é aquele que é capaz de reconhecer o Messias libertador no Cristo que passa, que está disponível para O seguir no caminho do amor e da entrega, que aceita o convite de Jesus para entrar na sua casa e para viver em comunhão com Ele, que é capaz de O testemunhar e anunciar aos irmãos.

O Evangelho deste domingo diz-nos, pois, que ser cristão é simplesmente acolher o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo. Sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta, sem meias tintas nem hesitações.

Os dois primeiros discípulos, André e Simão Pedro, não discutiram o ordenado que iam ganhar, se a aventura tinha futuro ou estava condenada ao fracasso, se o abandono de um mestre (João Batista) para seguir outro (Jesus) representava uma promoção ou uma despromoção, se o que deixavam para trás era importante ou não.

Simplesmente seguiram Jesus, sem garantias nem condições, sem explicações supérfluas nem seguros de vida, sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é sempre um salto decidido e sereno para os braços de Deus.

A história da vocação de André e do seu irmão Simão mostra ainda a importância do papel dos irmãos da comunidade na descoberta de Jesus. Os desafios de Deus ecoam, tantas vezes, na nossa vida através dos irmãos que nos rodeiam, das suas indicações, da partilha que eles fazem connosco, dispondo o nosso coração para reconhecer e seguir Jesus.

O encontro com Jesus, numa procura constante da sua Pessoa, nunca é um caminho fechado e pessoal sem consequências comunitárias. Acolher o chamamento de Deus significa assumir, em todos os momentos e circunstâncias, comportamentos coerentes com a nossa opção por Cristo e pelo Evangelho.

“Encontrámos o Messias”! Tal deve ser o anúncio alegre de quem fez uma verdadeira experiência de vida nova e verdadeira, e anseia por levar os irmãos a uma descoberta semelhante.

Que este dinamismo de renovação da nossa vocação seja vivido na comunhão com todos os que fazem da sua vida um autêntico seguimento de Jesus Cristo, de modo particular ao longo desta semana em que se inicia o oitavário de orações pela unidade dos cristãos.

 

Manuel Barbosa, scj
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