Ver, servir e seguir Jesus

Queremos ver Jesus! Assim pedem os gregos no Evangelho deste 5.º Domingo da Quaresma.

Na resposta, Jesus anuncia a sua próxima glorificação, isto é, a sua morte. Estranha associação esta, da morte com a glória! Mas Jesus explica: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.

Sabemos que, na realidade, o grão enterrado na terra sofre uma profunda transformação. O seu invólucro exterior deve rebentar e acabar por desaparecer para que o germe, até então escondido, possa crescer e produzir novos grãos.

Na morte de Jesus acontece a explosão da Ressurreição. Os discípulos reconhecem em Jesus glorificado a presença imediata de Deus. A verdadeira glória, a verdadeira densidade do ser de Jesus está na sua humanidade como o lugar da incarnação do Filho eterno do Pai.

Porque estamos ainda no tempo da germinação secreta, não vemos ainda esta glória do Senhor. Mas acolhendo o testemunho dos apóstolos que “comeram e beberam com Ele depois da sua ressurreição de entre os mortos”, podemos deixar-nos atrair por Jesus, acolher e ver já pela fé o seu mistério de glória, e assim testemunhar no coração do mundo que Ele, o Filho do homem, é verdadeiramente o Filho de Deus, vencedor da morte.

Ver Jesus e o seu projeto de salvação acontece através da comunidade dos discípulos. Aí se encontra o caminho de amor e de doação que conduz à vida nova do Homem Novo, à salvação.

Isto recorda-nos a nossa responsabilidade de testemunhas de Jesus e da sua salvação no meio das situações do nosso tempo.

Será que aqueles irmãos que se cruzam connosco nos caminhos da vida descobrem no nosso testemunho o rosto de Jesus?

Será que todos aqueles que vêm ao encontro de Jesus à procura da vida plena encontram na forma como nos doamos, como servimos e como amamos a proposta libertadora que, através de nós, Jesus quer passar a todos as pessoas?

Quem quiser servir Jesus tem que o seguir, para assim poder estar atento e empenhado no serviço ao próximo.

Ver Jesus é perceber que ele é a máxima realização da Nova Aliança de que fala Jeremias na primeira leitura. Uma aliança gravada no íntimo da alma e do coração. Uma Aliança que implica que Deus mude o coração do Povo, pois só com um coração transformado somos capazes de pensar, de decidir e de agir de acordo com as propostas de Deus.

Que assim seja nesta quinta semana da Quaresma, que nos aproxima do mistério da Páscoa, da celebração festiva e quotidiana do Amor de Deus derramado em nossos corações e anunciado com uma constante atitude de fraternidade.

Levados pela Palavra, intensifiquemos as atitudes de ver, servir e seguir Jesus.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org