Ver e acreditar que Cristo está vivo

“Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram”. No Evangelho deste Domingo de Páscoa, Maria Madalena experimenta o vazio: não há nada, nem mesmo o cadáver do seu Senhor muito amado. Ela não tinha nada a que se agarrar para fazer o luto. Sabemos bem como é mais dolorosa a morte de um ente querido quando o seu corpo desapareceu, quando não há túmulo onde se possa ir em recolhimento, como acontece em tempo de pandemia e de guerra.

A Igreja não cessa de repetir que Jesus está vivo, vencedor da morte para sempre. Todos os anos se multiplicam aleluias. Mas ressoa em nós a constatação dos discípulos de Emaús, ao dizerem ao desconhecido, que se lhes juntou no caminho, que não tinham visto o Senhor.

Paulo grita: «Onde está, ó morte, a tua vitória?» A nossa experiência poderá perguntar: «Ressurreição de Cristo, onde está a tua vitória?»

Apesar do primeiro anúncio «Jesus não está aqui, ressuscitou!», a morte continuou obstinadamente a sua ação de trevas, com os seus fiéis acólitos: doenças, lágrimas, desesperos, violências, injustiças, atentados, guerras…

Continuamos a entoar nas nossas igrejas: «Aleluia! É primavera! Cristo veio de novo!» Vemos a primavera, mas nem sempre vemos Jesus. Aqui está a dificuldade e a pedra angular da nossa fé.

Dificuldade, porque a Ressurreição de Jesus não faz parte da ordem da demonstração científica. Ficamos encerrados nos limites do tempo, mas Jesus saiu desses limites, Ele está para além do nosso olhar visível.

A Ressurreição é, ao mesmo tempo, a pedra angular da nossa fé porque, como o discípulo que Jesus amava, somos convidados a entrar no túmulo, a fazer primeiro a experiência do vazio, para podermos ir mais longe, como o discípulo que viu e acreditou. Daí a importância do sábado santo, tempo de longo silêncio e passagem para a vida nova no Ressuscitado.

Podemos apoiar-nos e confiar no testemunho das mulheres e dos discípulos. Também eles tiveram que acreditar. A sua fé é essencial para enraizarmos a nossa fé em Cristo Ressuscitado.

Como os discípulos, procuremos ver e acreditar que Cristo está vivo, sem correr atrás do maravilhoso que sempre nos escapa e dececiona.

Durante o tempo pascal, a exemplo de João, exercitemos o nosso olhar para descobrir o Ressuscitado através dos sinais humildes da vida quotidiana.

Como os discípulos de Emaús, procuremos descobri-lo a caminhar perto de nós na peregrinação da vida e a abrir os nossos espíritos à compreensão das Escrituras.

Que a Páscoa de Jesus Cristo ressuscitado seja a nossa alegria! Sejamos felizes em tempo pascal!

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org