Encontrar o Ressuscitado na comunidade

A comunidade cristã é o espaço privilegiado de encontro com Jesus ressuscitado. É nesse dinamismo que se situa a liturgia da Palavra deste segundo domingo da Páscoa.

No Evangelho, Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade, Ele que Se apresenta como «a paz esteja convosco». É à volta de Cristo que a comunidade se estrutura e recebe a força para enfrentar as dificuldades e perseguições.

O texto do Apocalipse insiste no mesmo motivo, assim como a leitura dos Atos dos Apóstolos, sugerindo que a comunidade cristã deve continuar a testemunhar no mundo a missão libertadora de Jesus.

Deixemo-nos interrogar sobre a nossa vivência cristã em comunidade, nas comunidades familiares, paroquiais e religiosas.

A nossa comunidade em comunidade está mesmo centrada em Jesus e dele recebe vida, amor e paz? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte? Sabemos que sem Jesus, ou d’Ele descentrados, andaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude e de ter uma atitude construtiva e transformadora. Sem Ele, nunca seremos uma comunidade de irmãos.

A comunidade é o lugar onde fazemos a experiência de Jesus ressuscitado? Nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo? A nossa comunidade testemunha mesmo Cristo vivo, ressuscitado? Quem procura Cristo encontra-O em nós e nas nossas comunidades? Ou há demasiadas atitudes opacas, em nós e nas nossas estruturas eclesiais, que não deixam transparecer a beleza da Pessoa de Jesus Cristo ressuscitado?

A nossa comunidade está centrada na Páscoa de Cristo, na Eucaristia, onde vemos e acreditamos em Jesus, o único Senhor e Deus das nossas vidas? Encontramos Jesus no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida? Ou ficamo-nos quase sempre por experiências intimistas e fechadas, em que não vemos nem mostramos Jesus ressuscitado?

Tomé faltara ao primeiro encontro comunitário com o Ressuscitado. Mas, quando vem ao segundo encontro, reconhece Jesus marcado pelas chagas da Paixão, adora-O e proclama o primeiro ato de fé da Igreja: «Meu Senhor e meu Deus!» Depois disso, Jesus anuncia que doravante será necessário reconhecê-l’O unicamente com os olhos da fé. E faz desta fé uma bem-aventurança: «felizes os que acreditam sem terem visto!»

Também nós, hoje, somos convidados a viver esta bem-aventurança. Como Tomé e em comunidade, procuremos que as nossas dúvidas e questões se transformem sempre em caminho de fé!

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org