A melhoria da economia já chegou aos mais carenciados? Isabel Jonet, Presidente da Federação dos Bancos Alimentares, afirma que não!
Quando é que as populações de mais baixos rendimentos sentirão no seu bolso os benefícios da prometida terra que “mana leite e mel”, em vez da aridez da propaganda política?
Esta é a pergunta vital, diríamos fatal, que se deve fazer ao Governo e aos partidos que o suportam!
As benesses e conquistas “revolucionárias”, obtidas como contrapartida do acordo parlamentar que viabilizou este governo prodigalizados pelo Bloco de Esquerda (BE) e pelo Partido Comunista (PCP), apenas chegaram a uma minoria de portugueses, passando ao lado da maior parte do povo, gorando as repetidas promessas do Primeiro Ministro e as sucessivas interpelações do Presidente da República, convertidas em mera retórica, em nome de uma falsa estabilidade, como se esta fosse um fim em si mesma.
Onde estão o virar da página da austeridade e a aurora do crescimento e do progresso?
Como é que o Presidente de todos os portugueses, pode privilegiar e elogiar a meta alcançada do défice, quando este é conseguido à custa do desinvestimento público – escolas a cair, onde chove e os professores não podem dar aulas, falta de camas e médicos nos hospitais e centros de saúde, como nunca antes se vira?
Como é que o Presidente de todos os portugueses pode aplaudir um Acordo de Concertação, que o Primeiro Ministro arrancou aos parceiros sociais, para dar aos partidos da geringonça a prometida contrapartida do seu apoio parlamentar – o aumento do salário mínimo nacional, retribuindo as empresas com a promessa incumprível do desagravamento da TSU, atamancando depois o pseudo acordo de concertação com a redução do Pagamento Especial por Conta (PEC), que abrange, sobretudo as empresas que não pagam impostos e não compensa minimamente a maior parte daquelas que sofrerão o impacte do novo salário mínimo?
E quem vai pagar esta redução do PEC, que tanto agrada à CGTP, a que alguém chamou PCP em formato sindical e que as associações patronais foram induzidas a aceitar para salvar as aparências?
O aumento do salário mínimo para 557,00€ seria um benefício para cerca de 600 mil trabalhadores, se o custo de vida destes nossos concidadãos não fosse simultaneamente afetado pelo aumento dos impostos sobre o consumo da energia, dos combustíveis, das bebidas, dos transportes e de outros bens essenciais.
Mas outros pesados custos pendem sobre as suas e as nossas bolsas, como o da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, das inevitáveis perdas do Novo Banco, dos elevadíssimos encargos das empresas públicas e o dos catastróficos erros da má governação .
Todos os dias se levanta mais uma nuvem escura e pesada que vem pairar sobre a nossa cabeça – a ameaça real do aumento dos juros da dívida pública, que o governo e os credores tem feito crescer e que nos custa muito mais do que aos países em situação semelhante, como a Espanha.
Este é o preço agravado que nos fazem hoje pagar pela desonra de políticos, que hoje estão no governo, que ousaram afirmar publicamente diante dos credores: “Temos uma bomba atómica para podermos usar na cara dos alemães e dos franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagamos a dívida. Ou os senhores se poem finos, ou não pagamos”. Proclamação, tonitruante, daquele a que já chamaram o “ pombo correio” da geringonça e que, infelizmente, representa no Parlamento a nossa região.
Só quem não deve é que pode dizer que não teme, senhor secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares!