A semana

A visita que os bispos da Guiné-Bissau fizeram a Aveiro (ver página 8) para agradecer o apoio que lhes tem sido prestado e para contactos com os guineenses radicados entre nós, levaram-nos a reflectir sobre as suas dificuldades, a tantos níveis, e sobre o muito que temos e nem sempre aproveitamos.

De sorriso franco, serenos, gratos, conscientes dos seus problemas e confiantes no futuro do seu país e do povo de que são guias espirituais, foi-nos agradável constatar a fé que os anima de que Deus está com eles em situação tão difícil. Sem as mais elementares infra-estruturas, sem capacidade sequer para receber quem os possa ajudar, mesmo em tempos de férias, não desanimam, enquanto sonham com projectos que reflictam a ajuda de comunidades e países amigos.

Por cá, nós, os portugueses, com tantas sobras, com uma Igreja com estruturas de séculos, os eternos insatisfeitos, ainda temos coragem de protestar por isto e por aquilo, ainda gostamos de exigir mais e mais a quem tem responsabilidades eclesiais e outras, ainda nos fechamos nas nossas conchas, o que nos limita os horizontes apostólicos e missionários.

É certo que há sempre alguém que foge deste círculo e aposta em viver a fé em terras onde falta tudo, nem que seja por uns meses; é certo que há quem pense nos missionários, padres ou leigos, apoiando-os por variadíssimas formas; é certo que na retaguarda se pode fazer muito por todos os que se dão aos que tão pouco têm. Mas também é verdade que é possível sair de alguma modorra, assumindo ajudas mais concretas, mais reais, em prol de quem tanto precisa, a nível eclesial, e não só.

A criação da GAMA – Grande Área Metropolitana de Aveiro, constituída, para já, por 11 dos 19 concelhos do Distrito de Aveiro, é não só uma necessidade, mas também um sinal de maturidade política, entre nós. Isto, porque prova à evidência que os homens e mulheres, quando reflectem sobre os reais interesses do povo e das comunidades, com empenhamento e objectividade, são capazes de vencer barreiras ideológicas e partidárias.

De facto, foi bonito verificar que, na hora de se avançar para um projecto que trará, com certeza, benefícios palpáveis para muita gente, sobretudo para as mais esquecidas pelo poder político central, os interesses pessoais e partidários dos nossos políticos ficaram à porta de sessão em que se subscreveu o pedido para formalizar a constituição da GAMA. De mãos dadas, com os olhos postos no desafio de enfrentar um futuro melhor, os nossos políticos, tenham as bandeiras que tiverem, hão-de continuar a mostrar que são dignos dos nossos votos.