Agora é a nossa vez

À Luz da Palavra Domingo da Ascensão do Senhor.

Leituras: Act 1,1-11; Salmo 46 (47); Ef 1,17-23; Mc 16,15-20

Passaram quarenta dias desde que os discípulos experimentaram, pela primeira vez, a presença do Ressuscitado (cf. Act 1,3). Durante todo este tempo Jesus acompanhou os seus e deu-lhes o seu Espírito. Agora, já podem entender e interpretar, com uma luz nova, o que tinham vivido com Jesus. Por isso, a missão de Jesus na Terra terminou.

Lucas diz-nos que “uma nuvem escondeu-O a seus olhos” (Act 1,9). O autor dos Actos dos Apóstolos fala-nos assim, de forma narrativa, de uma realidade difícil de exprimir com conceitos. Sabemos que a nuvem não é aqui um fenómeno meteorológico, mas significa na Escritura a presença de Deus poderoso. Jesus é escondido, tapado por uma nuvem, quer dizer, Jesus é acolhido por Deus e entra na vida divina. Jesus continuará presente no meio dos seus, mas de maneira nova.

Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja. É importante que não esqueçamos, nunca, que, a nossa esperança fundamenta-se no poder “do Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo…que ressuscitou [o Jesus] dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania” (Ef 1, 21).

A Ascensão é, segundo Lucas, a última aparição e, ao mesmo tempo, o começo da Igreja. Por isso, agora não é altura para olhar para o céu, pelo que os discípulos ouvem do Ressuscitado: : “Homens de Galileia, porque estais a olhar para o Céu?” (Act 1, 11). É como se aquela personagem, que lhes fala em nome do Senhor, lhes dissesse: “Não é altura de olhar para o céu, porque já recebestes tesouros de vida para muitos. Sabeis onde está a fonte da esperança. Foi-vos concedido o espírito de sabedoria para conhecer o Pai da glória (cf. Ef 1,17-19). Por isso, agora chegou a vossa hora. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). É vossa missão pregar a sua mensagem e realizar os seus sonhos e projectos”.

Também para nós que lemos estas linhas passaram quarenta dias desde a Páscoa. Quarenta dias em que o Senhor nos foi aquecendo o coração com a sua presença, as suas palavras, o seu amor. Abriu-nos a inteligência para podermos compreender melhor a sua mensagem. Dedicou-se integralmente a nós, entregou-nos em cada Eucaristia o que precisamos para “viver”. Sabemos que somos pedras vivas da sua Igreja. Sabemos também que os nossos irmãos e a criação inteira gemem e sofrem esperando a revelação e a liberdade dos filhos de Deus (Cf. Rom 8,22). Também a nós o Senhor coloca a questão: Homens e mulheres da minha Igreja, porque estais a olhar para o Céu? Parti, saí, abri caminhos, a hora é vossa, não interrompais a vossa missão.

Estrella Rodríguez, FMVD