Está escrito

O sacramento do sorriso

Se eu tivesse de pedir a Deus um dom, um único dom, um presente celeste, não hesitaria em pedir a suprema arte do sorriso. É o que mais invejo em algumas pessoas. É o cúmulo das expressões humanas.

Falo dos sorrisos que se levantam de uma alma iluminada, que aparecem como o estalar de um relâmpago na noite, como o que vimos ao ver uma corça a correr, ou o que produz em nossos ouvidos o murmúrio de uma fonte num bosque solitário, ou os sorrisos que milagrosamente vemos despontar no rosto de um menino de oito meses, e que algumas pessoas – pouquíssimas – conseguem conservar toda a vida.

Todo o sorriso tem alguma coisa da transparência de Deus, da grande paz. Por isso intitulei este comentário “o sacramento do sorriso”. Porque é sinal visível de que a nossa alma está aberta de par em par.

José Luís Martín Descalzo (1930-1991), in “Razões para a alegria” (ed. Missões Cucujães)