A mãe de D. Afonso Henriques assinou há 900 anos a “Carta do Couto de Osseloa”,
que é a “certidão de nascimento” de Albergaria-a-Velha.
No sábado, 11 de novembro, os 900 anos da assinatura do documento que instituiu uma albergaria onde hoje se localiza Albergaria-a-Velha foram assinalados com a inauguração de uma estátua de homenagem à condessa D. Teresa. A mãe de D. Afonso Henriques foi a autora desse documento que é a “certidão de nascimento” de Albergaria-a-Velha.
A estátua, da autoria do artista plástico aveirense, Hélder Bandarra, ergue-se junto a antiga “estrada real” Lisboa – Coimbra – Porto, a poucos metros do local da antiga albergaria, de frente para a Praça D. Teresa (em frente à Biblioteca Municipal) e no início da futura Avenida D. Teresa.
Como recordou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, Delfim Bismarck Ferreira, “em novembro de 1117, a rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, outorgou a favor do fidalgo Gonçalo Eriz a Carta de Couto de Osseloa, ordenando a instituição de uma albergaria a expensas de ambos, para apoio àqueles que pela principal via de comunicação do Condado Portucalense iam passando. Este documento é a certidão de nascimento do povoado que, passados nove séculos, se chama Albergaria-a-Velha”.
D. Teresa foi também o nome escolhido para a ambulância equipada com o que de mais moderno existe, nesse dia formalmente entregue pela Câmara Municipal aos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha. A oferta foi justificada porque, tal como a antiga albergaria tinha por objetivo apoiar os viajantes, também a ambulância visa fins humanitários e solidários. A estátua e a ambulância foram benzidas pelo padre Manuel Dinis.
Exposição apresenta
achados arqueológicos
As comemorações dos 900 anos da “Carta do Couto de Osseloa” foram motivo para a inauguração da exposição “Das origens a Osseloa”, que se encontra patente ao público na Biblioteca Municipal de Albergaria-a-Velha, até ao dia 30 de novembro.
Esta mostra reúne, pela primeira vez, a parte mais significativa do espólio arqueológico encontrado em diversos locais do concelho albergariense. Prova-se deste modo que as terras que hoje formam o município já eram habitadas há pelo menos 6.000 anos, isto é, desde o IV milénio antes de Cristo, no período do Neolítico Final.
Em exposição estão achados arqueológicos encontrados nas necrópoles pré-históricas do Taco (mamoas), duas das quais estão hoje musealizadas (na Zona Industrial de Albergaria-a-Velha); no povoado proto-histórico de São Julião da Branca, que nos últimos anos tem sido alvo de escavações arqueológicas; no Cristelo da Branca, um possível povoado castrejo que também poderá ter sido ocupado também pelos romanos. A exposição apresenta ainda uma cópia da Carta do Couto de Osseloa e a respetiva tradução para português atual.
Cardoso Ferreira
Quarto número de “Albergue”
As comemorações dos 900 anos de Albergaria encerraram com a apresentação pública do quarto número da revista “Albergue – História e Património do Concelho de Albergaria-a-Velha”, editada pela Câmara Municipal.
Este número é constituído pelos seguintes artigos: “Dr. António Ferreira Souto Alves”, por António Augusto Silva; “São Julião da Branca e o povoamento do entre Douro e Vouga na transição entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro”, por António Manuel S. P. Silva, Gabriel R. Pereira, Paulo A. P. Lemos, Sara Almeida e Silva; “O ‘Carlinhos da Fábrica’ – percurso de um Valmaiorense”, por Carlos Oliveira; “Os Marnéis. A família de Gonçalo Eriz fundador de Albergaria-a-Velha em 1117”, por Delfim Bismarck Ferreira; “Prof.ª Sofia Bismarck Bento Soares”, por Estela Bismarck; “Angeja – análise sumária de algumas variáveis demográficas (1701 – 1910)”, por Francisco Messias Trindade Ferreira; “Imagens da cartofilia angejense – 1907”, por Hélder Silva e Tiago Ferreira; “Património religioso. O Tombo da Igreja de São Vicente da Branca de 1593”, por Hugo Cálão; “As singularidades da Carta do Couto de Osseloa (1117)”, por Maria Alegria Marques; “A pintura de caixotão da Igreja de São João de Loure”, por Maria Clara de Paiva Vide Marques, Luís Alberto Casimiro, António Cruz Leandro; “Vilarinho de São Roque e o trilho do linho. A biodiversidade na preservação da herança cultural”, por Milene Matos, João Gonçalves Soutinho, Nelson Matos, Rafael Marques; “Estandarte em seda com elementos decorativos aplicados. Philarmonica albergariense, 1907”, por Nazaré Tojal; “António Domingues Pinto”, por Nuno Jesus e Arthur Domingues Pinto; “De liberal a republicano, de colonialista a benemérito. Napoleão Luíz Ferreira Leão”, por Paulo M. Almeida; “Albergarienses na Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Aveiro”, por Teresa Cruz Tubby; “Dr. Abel Correia da Silva Portal”, por Valter Santos e Teresa Cruz Tubby; e “Notas soltas”.