Podemos encontrar excelente doutrinação e profundas interpelações na “Mensagem do Santo Padre Francisco para o I Dia Mundial dos Pobres”, que será, este ano, no próximo dia 19. É muito interessante que Francisco não dedica um Dia à Pobreza, mas aos POBRES, porque quer dizer-nos que o importante é a Pessoa carente, e não o conceito de Pobreza, que faz bom tema para discussões entre políticos e sociólogos… em areópagos, onde muitas vezes são confrontados conceitos, se procuram causas, se publicam altas conclusões, mas em que quase nunca há compromissos!
No termo do Jubileu da Misericórdia, o Papa quis “oferecer à Igreja o Dia Mundial os Pobres”! Diz oferta, porque quer ajudar as comunidades cristãs a serem sempre mais, e de modo mais claro, o “sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados”; a pôr-nos no caminho de maior evidência e transparência do amor preferencial pelos Pobres; eles “pertencem à Igreja por direito evangélico”, como solenemente proclamou o Beato Paulo VI.
Sem a preocupação de uma definição de Pobre ou de Pobreza – os “motores de busca” dão uma boa ajuda! – é preciso olhar à nossa volta, abrir bem os “olhos do coração”, e ver quem são os Pobres, quantos eles são, quais as necessidade primárias que não estão a ser respondidas capaz e dignamente; mobilizarmos pessoas, grupos, entidades públicas e privadas e, de mãos unidas e inteligências abertas, procurar, sem medos nem complexos, mas responsavelmente ir à profundidade das causas e, pondo o dedo na ferida, debelar as reais causas que empurram Pessoas para situações de pobreza, que nos incomodam e envergonham…
Nestes dias ouvimos dizer, em relação ao nosso País, de pessoa com responsabilidades públicas, que “o País está velho, está pobre, está só e está em muitas circunstâncias entregue a si próprio e abandonado”! Suponho que esta afirmação não terá sido pronunciada em contexto do Dia Mundial dos Pobres; mas faz pensar: quem são os responsáveis por tal situação? Como se mobiliza a Sociedade para encontrar soluções?
De certeza que o Cristão não se esconde atrás de razões cinzentas, mas vai à frente! E com a força e o mandato do Evangelho, não nega esforços, abre a inteligência, o coração e as mãos, e partilha teres e saberes, na luta verdadeira por não manter nem alimentar situações em espiral, que deixam tudo na mesma, e levam as Pessoas Pobres a um retorno de causas não suficientemente equacionadas, nem resolvidas.
E, para quem tiver dificuldade em ter à mão a Mensagem do Papa Francisco, transcrevo o que rezo com ele:”…Benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem “se” nem “mas”, nem “talvez”: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus” (nº 5). Todos queremos ter mãos assim!