Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

Acha-se bastante difundida a convicção de que a União Europeia se afastou da solidariedade inicial e de que, por isso, está condenada a desaparecer; mas também se pode afirmar o contrário…
Os objetivos originários da União eram solidários, sem dúvida, mas bastante circunscritos às economia de países mais industrializados; e centravam-se particularmente nos domínios do carvão e do aço. Bastante mais tarde, surgiu o «mercado único»; foram consagradas as liberdades de circulação de produtos, capitais, pessoas e serviços; também se criaram extraordinárias infraestruturas físicas e de informação e comunicação; deram-se grandes avanços na convergência de políticas diversas; verificou-se o alargamento gradual a outros países… No entanto, apesar de tudo isto e muito mais, a designação do espaço «europeu» evoluiu, primeiro, para «Comunidade Económica Europeia», e só mais tarde para «União Europeia»; até hoje ainda não se criaram políticas sociais comuns; o Fundo Social Europeu dedica-se predominantemente às questões do emprego e formação profissional; e até os programas de luta contra a pobreza, apesar de todo o seu mérito, não originaram um processo continuado de erradicação da pobreza em toda a União…
Tendo isto em conta, não é no passado que encontramos respostas para o nosso presente e o nosso futuro. Nele, encontramos o exemplo do que foi possível fazer na altura, mas não o que é necessário fazer hoje, porque cada país da União se debate com situações graves de pobreza, exclusão social, desigualdades, desemprego, debilidades económicas…; e os Estados-membros, no seu todo, enfrentam desigualdades económico-sociais entre eles, insuficiências da democracia comunitária, a presença do terrorismo, responsabilidades imensas perante os refugiados… Sob tamanha gravidade, somos convidados a cooperar decididamente a favor de uma Europa mais solidária que no passado, e promotora ativa de um futuro melhor para si própria e para o mundo.