Luís Campos e Cunha foi a primeira vítima a tombar em virtude desses crimes em preparação que se chamam aeroporto da Ota e TGV. Não se pode pedir a alguém que vem do mundo civil, sem nenhum passado político e com um currículo profissional e académico prestigiado que arrisque o seu nome e a sua credibilidade em defesa das políticas financeiras impopulares do Governo e que, depois, fique calado a ver os outros a anunciarem a festa e a deitarem os foguetes.
Miguel Sousa Tavares
Público, 23-07-05
A pobreza e a velha consciência do atraso nacional acabaram por criar uma cultura de passividade e conformismo, subserviente e velhaca e, como seria de esperar, hostil ao indivíduo e ao risco. A democracia e a “Europa” caíram neste venerável pântano português. Ninguém que saiba um bocadinho de história se deve surpreender.
Vasco Pulido Valente
Público, 24-07-05
[O terrorismo dos jihadistas] não existe por causa do Iraque, da Palestina, da Bósnia, da Tchetchénia ou do Afeganistão. É-lhes anterior e sobrevirá à resolução de qualquer desses conflitos (como na Bósnia), porque se alimenta de um ressentimento de tipo diferente, um ódio que resulta da inadequação da sua forma de pensar ao mundo moderno, ao pluralismo, à diversidade, às sociedades liberais, ao que somos, que os aproxima mais da tal ultra-esquerda dos anos 70 do que da comunidade de crentes a que dizem pertencer.
José Manuel Fernandes
Público, 24-07-05
Com o dinheiro [do Euromilhões], as pessoas querem deixar de trabalhar, comprar propriedades, exibir e ostentar riqueza, e acima de tudo querem libertar-se dos outros. Os outros são os patrões, os colegas, o Estado, os políticos, os gestores, os bancos. (…) O que vem provar que a riqueza “instantânea” é perigosamente doentia. Não arrasta consigo o desenvolvimento, a evolução, o crescimento. Não queremos ser ricos para podermos ser melhores, queremos ser ricos para podermos mandar às urtigas tudo o que nos prende a uma vida normal.
Pedro Rolo Duarte
Diário de Notícias, 22-07-05
Quem me dera ter rasgado o bilhete da lotaria.
Desabafo da mulher de Andrew Jack Whittaker [norte-americano a quem saiu um prémio de 314,9 milhões de dólares em 2002 – o maior de sempre. O milionário começou a frequentar casas de jogo e de ‘strip’; a neta desapareceu e acabou por ser encontrada morta; a residência da família sofreu vários assaltos; o casal separou-se].
Público, 22-07-05