Saber ouvir!
Instigados pela força das circunstâncias, que são sempre excelentes motivos para ponderar grandes projetos, fizemos um pequeno percurso para “voltar a ouvir” o que se diz sobre o assunto.
Não há como contornar a questão: ouvir é mesmo uma arte na relação com os outros, com o mundo. Como Fernando Pessoa, “às vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”.
É avisado ter presente que na vida, é preciso ter muito cuidado com o que ouvimos, porque há mentiras cativantes e verdades sem graça, e isso costuma confundir a razão.
É curioso visualizar o retrato que podemos fazer desta confusão da razão baseado na expressão de F. Nietzsche, “aqueles que foram vistos a dançar foram julgados por insanos pelos que não podiam escutar a música”.
Será que ouvir e escutar são confundíveis?!
“Escutar é muito mais do que ouvir – Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações 2016. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de omnipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum.
Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais cómodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia”.
Quem se ocupa com o bem comum, deve escutar. Este é verdadeiramente o primeiro passo!