O próximo domingo, festa da Ascensão do Senhor, traz consigo a celebração do 51.º dia Mundial das Comunicações Sociais. Como é habitual, o Papa escreve uma mensagem para esse dia.
Desta vez, Francisco exortou a comunicação social a adotar um estilo baseado na lógica da “boa notícia” em vez da “má notícia”, e fez um apelo a que se promova a cultura de uma comunicação “de esperança e confiança”.
“Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas «notícias más» (guerras, terrorismo, escândalos)”, refere o Santo Padre. Sem deixar de advertir que “não se trata, naturalmente, de promover a desinformação, onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num otimismo ingénuo, que não se deixe tocar pelo escândalo do mal”.
Consciente de que a comunicação social tem um peso enorme no moldar das consciências, o Papa acrescenta: “Aliás, num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e, por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero”.
O próprio Papa se dispõe a dar a sua contribuição para a busca “dum estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia”.
Esta semana, o nosso País recebeu uma excelente notícia: a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), depois de oito anos de “via dolorosa”. Mérito do sacrifício de muitos portugueses – não é correto dizer “todos os portugueses”, dado que alguns aumentaram os seus ganhos e não se diminui a distância entre poucos ricos e uma multidão de pobres; de dois governos – porque os apertos de cinto foram crescentes para a maioria dos portugueses, salvo uns tantos que, à sombra do Estado, têm tratamento preferencial.
Estamos todos felizes, porque parece que um raio de sol começa a aquecer o inverno em que temos vivido. Todavia, é importante atender à advertência de Francisco, para que se não promova a “desinformação, onde seja ignorado o drama do sofrimento”, nem se caia “num otimismo ingénuo”. Importa não ocultar que a nova situação “vai deixar o país sujeito a regras mais apertadas”, embora abra “também caminho a cláusulas de flexibilidade, vedadas até aqui, que permitem desvios face àquelas obrigações”.
“Esta decisão não significa necessariamente um alívio para Portugal, uma vez que, saindo do PDE, passa do braço corretivo para o braço preventivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), ficando do mesmo modo obrigado a apresentar ajustamentos estruturais todos os anos e a baixar a dívida pública a um ritmo mais acelerado”.
Uma feliz notícia! Dada com a verdade completa, não deixa de o ser. Todavia, não ilude, não lança na euforia da inconsciência pela desinformação. A verdade liberta!