Presidente “muito feliz” após convidar Papa a visitar Portugal

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Presidente da República ofereceu a Francisco seis casulas desenhadas por Siza Vieira.
“Os governantes têm como obrigação construir a paz”, disse-lhe o Papa.

 

O presidente da República Portuguesa mostrou-se “muito feliz” após ter convidado o Papa a visitar o país, em 2017, durante uma audiência privada que decorreu no Vaticano. “Tive oportunidade de entregar a sua santidade o convite formal do Estado português para a visita em 2017 a Portugal, por ocasião do centenário das aparições de Fátima”, disse aos jornalistas, após o encontro, no dia 17 de março.
O chefe de Estado disse “não estar autorizado” para dizer publicamente qual a resposta do Papa, que “recebe muitos convites”. “O máximo que posso dizer é que saí muito feliz da audiência. Com isto, penso que respeito exatamente o teor da audiência, nos termos em que ela decorreu”, acrescentou.
Refira-se que o Papa reafirmou a vontade de visitar o Santuário de Fátima, que celebra o centenário das aparições marianas em 2017, quando se encontrou com os bispos portugueses, em setembro de 2015, no início da visita ‘ad Limina’.

Troca de presentes
A audiência de 30 minutos com o Papa concluiu-se com uma troca de presentes e uma sessão de cumprimentos à delegação da Presidência. Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o Papa manifestou “muito apreço” pelos portugueses, recordando o seu contacto com emigrantes portugueses em Buenos Aires. “Percebe a vocação universal dos portugueses”, referiu, acrescentando que Francisco “obviamente conhece a realidade de Portugal e, dentro dela, a de Fátima, como seria de esperar”.
Marcelo Rebelo de Sousa ofereceu ao Papa uma coleção de seis casulas (paramentos usados pelo sacerdote na celebração da Missa) desenhadas por Siza Vieira e um Registo de Santo António de uma coleção privada do presidente da República.
Francisco ofereceu a Marcelo Rebelo de Sousa a edição em português da exortação “A Alegria do Evangelho” e do documento do Papa sobre “o cuidado da casa comum”, a carta encíclica “Laudato sí”.
Como acontece habitualmente com os chefes de Estado, Francisco ofereceu também a Marcelo Rebelo de Sousa um medalhão do seu pontificado com dois ramos de oliveira entrelaçados, símbolo da paz. Francisco acentuou o compromisso pela paz, pedido aos responsáveis pela política. “A paz é o que se pede aos políticos”, afirmou o Papa.
Depois da audiência com o Papa, Marcelo Rebelo de Sousa foi também recebido pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que confirmou que vai presidir à peregrinação internacional do próximo dia 13 de outubro, no Santuário de Fátima.
O Presidente da República visitou também a Basílica de São Pedro, onde passou pela Porta Santa do Jubileu da Misericórdia, deteve-se diante da “Pietà” de Michelangelo e rezou no túmulo do Papa São João Paulo II.
O programa da deslocação do presidente da República ao Vaticano incluiu também uma visita à Capela Sistina; depois, Marcelo Rebelo de Sousa fala aos jornalistas na residência da Embaixada de Portugal junto da Santa Sé.

 

Quatro feriados repostos

O presidente da República Portuguesa promulgou no dia 18 de março o decreto que repõe quatro feriados nacionais, dois deles religiosos. Ainda em Roma, o chefe de Estado português disse que a decisão de repor dois feriados religiosos suscitou o “agrado” da Santa Sé.
As solenidades de Corpo de Deus e Todos os Santos são novamente reconhecidas pelo Estado Português como dias festivos católicos com caráter de feriados nacionais.
O dia do Corpo de Deus (solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, no calendário católico) é um feriado móvel, celebrado sempre a uma quinta-feira e 60 dias depois da Páscoa. Este ano festeja-se a 26 de maio. A solenidade de Todos os Santos é um feriado fixo, a 1 de novembro.
A suspensão dos feriados religiosos foi resultado de um “entendimento excecional” entre a Santa Sé e o Governo português, em 2012, com uma duração máxima prevista de cinco anos.
No início de 2016, o Governo anunciou a reposição de quatro feriados nacionais, incluindo o 5 de outubro e o 1.º de dezembro.