“Que procurais?” – pergunta-nos Jesus

À Luz da Palavra II DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B. Leituras: 1Sam 3, 3b-10.19; Sl 39 (40), 2.4ab.7-11: 1Cor 6, 13c-15a.17-20; Jo 1, 35-32

Depois de um período de festas litúrgicas tão significativas, o início do Tempo Comum (TC) é convite a olharmos para a vida de Jesus no seu ir e vir quotidiano e deixar que a Sua quotidianeidade inspire a nossa. O TC é tempo propício para renovarmos o nosso desejo de, movidos pelo Espírito Santo, viver aquilo que é ordinário. Na companhia do Senhor e seguindo as Suas pegadas, a normalidade da vida pode fazer-se extraordinariedade de graça e luz para nós e para muitos.

Neste domingo, o Evangelho narra a cena em que João Baptista, estando com dois dos seus discípulos, aponta Jesus como o “Cordeiro de Deus”. Ao ouvir estas palavras, os dois seguiram Jesus, que logo os interpela: “Que procurais?” Que procurais quando vindes à missa? Que procurais quando vos dizeis cristãos? Que procurais quando vos dirigis a mim? Poderiam ser perguntas que Jesus dirigiria a nós hoje. E o que Lhe responderíamos?

Aqueles discípulos disseram: “Mestre, onde moras?”. Pelo que sucede a seguir, podemos supor que o que lhes interessava não eram as respostas que Jesus podia dar, mas a maneira como vivia. Ele não tem casa, não tem morada fixa… Aparentemente! A Sua casa é o Pai. “Mestre, onde moras?” “Moro onde o Pai quer que eu esteja”. Jesus está na Sua casa, quando está a viver o que o Pai deseja. E isso chamou a atenção daqueles homens. Mesmo sem saberem qual era o “segredo” de Jesus, sentiram-se atraídos pelo que manifestava na Sua vida.

E então? Só há um caminho para descobrir “onde” Jesus mora: ir com Ele! “Disse-lhes Jesus: ‘Vinde ver’. Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia”. Ficaram com Ele nesse dia e em cada dia. É este o desafio que nos vem da liturgia do Tempo Comum: estar e conviver com Ele, ficar com Ele, viver como Ele no quotidiano das nossas vidas. O Evangelho não especifica o que foi que os discípulos viram quando foram ter com Jesus. Porém, o que descobriram fascinou-os e fez com que permanecessem com Ele e o seguissem como Mestre. Jesus chamou-os e eles perceberam o chamamento.

Samuel também foi chamado por Deus e não lhe foi tão fácil reconhecer a voz do Senhor, como vemos na 1.ª leitura. Deus chamou-o três vezes até que, com a ajuda de Heli, o jovem Samuel se apercebeu de quem o chamava. A Samuel, Deus chamou para ser profeta. A Simão, Jesus chamou para ser “Cefas”, pedra sobre a qual Ele quis construir a comunidade cristã. E a cada um de nós? Não terá também um chamamento ou um desafio a fazer-nos?

No refrão do Salmo, rezamos: “Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”. Essa vontade, porém, não é algo abstracto. Concretiza-se no dia a dia. É aí que respondemos ao chamamento do Senhor: no viver como quem mora junto a Jesus, como quem partilha dos Seus valores e da Sua maneira de estar no mundo. É assim que, como nos propõe S. Paulo na segunda leitura, glorificamos verdadeiramente a Deus.

Priscila Cirino, FMVD