A expressão do santo Padre, na sua recente visita ao Egito, terá sido algo semelhante a isto: “O único radicalismo legítimo em nome de Deus é o radicalismo da Caridade”. E todas as suas intervenções foram nesse sentido, num veemente apelo ao diálogo entre religiões, culturas e povos, envolvido pela fé, como sólido pressuposto para construir a paz. “Não precisamos de fabricantes de armas; precisamos de obreiros da Paz!”
Acabamos de viver, no nosso País, uma tragédia sem par. Desencadeou muitos gestos de simpatia, muitas atitudes filantrópicas, correntes de solidariedade… e também convictas atitudes de verdadeira caridade. E só essa perdurará! Porque o amor é permanente, para as horas más como para os momentos de felicidade.
A reconstrução faz-se de pareceres técnicos, de auxílios financeiros, de apoios psicológicos… Mas o remédio primeiro e mais profundo terá de ser o amor de irmãos, que torne sensível, na proporção das debilidades causadas, a intensidade da misericórdia do Pai. As feridas vão permanecer por longo tempo. A esperança reconquista-se dia a dia, pela certeza desta presença constante do Amor eterno, nos caminhos cinzentos e sombrios, como nos iluminados e aquecidos pelo sol.
As manhas e artimanhas dos políticos tudo farão para mascarar a sua distância da realidade profunda do coração das pessoas. Os contorcionismos para descobrir e fugir à verdade irão prolongar-se indefinidamente, já o sabemos. É que é difícil viver o radicalismo evangélico: “Aquele de vós que quiser ser o maior, faça-se o servo de todos”. Bem nos advertia o Senhor Jesus: “Que entre vós não aconteça como entre os poderes do mundo… Esses tomam o poder para dominar”…
Têm sido demasiados os aspetos que denotam esta fúria do poder, para impor aos cidadãos os critérios que moldem a sociedade segundo os “preceitos ideológicos” de quem “governa” (ou de quem domina o governo da Nação). Evidentemente com uma opinião pública intoxicada (e dominada) por uma comunicação social controlada, que vende a mentira sem aceitar sequer o contraditório.
Só um exemplo: a senhora Secretária de Estado da Administração Educativa “vendeu” à comunicação social a mentira de uma poupança de milhões ao Estado com o corte de turmas ao Ensino Particular e Cooperativo. E a Comunicação Social preocupou-se em averiguar quanto é que custarão essas turmas na Escola estatal, divulgando que, afinal, o saldo será fortemente negativo? Se eu o quiser fazer, não terei lugar nas páginas dos jornais, nas vozes da rádio ou nos ecrãs televisivos. Já notou isso, senhor Presidente da República?
Servir! Servir! Servir! Uma ousadia que ainda tem, felizmente, muitos seguidores, mas que são abafados pelo espetáculo mediático dos muitos que, em vez disso, se servem.