Hoje, dia da Solenidade Litúrgica de Cristo Rei (20 de novembro), o Papa Francisco encerrou em Roma o Ano Jubilar da Misericórdia. Certamente todos ficamos com excelentes memórias de atos de misericórdia realizados durante este Ano, e participámos em diálogos, conferências, peregrinações, campanhas, congressos… sobre a Misericórdia.
Toda esta maravilhosa mobilização de comunidades e de grupos pode ser considerada uma bênção para a Igreja, e para a vivência individual e comunitária das Obras de Misericórdia. Surgiram oportunidades de gestos de misericórdia, que não vão esquecer tão cedo!
Foi até interessante termos voltado aos “velhos manuais” de Catequese e termos trazido ao de cima o formulário das “Obras de Misericórdia” – as Corporais e as Espirituais! -, que as nossas Catequistas nos levaram a saber de cor, mesmo sem sabermos bem o significado de todas as palavras que então, em crianças, cantarolávamos, para melhor memorizar…
Um Ano para percebermos mais profundamente a Bondade de Deus e a Sua Misericórdia para connosco, e para reformularmos conceitos e compromissos de bondade e de misericórdia que devemos ter uns para com os outros; e isso não é mais do que interiorizar o que significa Amar, com a medida do Mestre, e estarmos em tensão permanente e em urgência constante, para atender o outro, especialmente quando o outro está em situação de necessidade ou de fragilidade.
A mim, ficou-me o incómodo na consciência, para entender melhor a força de mudança que encerra a 6.ª Obra Espiritual: “Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo”! (Ajudaram-me a perceber que suportar é ser suporte!…). Aqui fica a minha confissão…
E porque o Ano da Misericórdia não pode acabar hoje, o Santo Padre deixou-nos uma nova Carta Apostólica, intitulada MISERICORDIA ET MISERA – a “Misericórdia e a Mísera”, que depois alguém nos vai ajudar a traduzir, a entender e a viver.
Assim, o Papa Francisco nos ajuda a não ficarmos com saudades de bons momentos, e de excelentes realizações de Caridade, porque nos vai prendar com uma Carta que reforça compromissos, na continuidade de um Ano Santo, que nos deixou um fortíssimo alerta para a prática das Obras de Misericórdia, que são as Obras da Caridade, que nos identificam como discípulos do Mestre Jesus Cristo, e nos põem em estado de urgência permanente, na vivência e no caminho do testemunho do essencial cristão.
Saudades? Talvez não tantas… O olhar atento, à nossa volta, com os olhos e o coração; a nova Carta de Francisco e a releitura constante do Evangelho de Lucas vão alimentando a inesgotável responsabilidade, humana e cristã, da prática das Obras de Misericórdia!