Votar é um direito pessoal e um dever cívico

FLAUSINO SILVA
Empresário

O Voto é a forma encontrada pelos regimes democráticos para os cidadãos exprimirem as suas escolhas.
Foi conferido a todos os portugueses, maiores de 18 anos, no pleno uso das suas faculdades, com a aprovação da Constituição da República, após a revolução do 25 de Abril.
Desde 2008 que o recenseamento é automático, pelo que todos os que tem a idade estão naturalmente recenseados.
Sendo um direito pessoal, se o seu titular não o exercer, estiola e perde todo o seu valor, dir-se-ia que é um direito adormecido, que perde toda a sua importância.
E qual é a importância que advém do exercício do direito de voto? Em primeiro lugar dignifica quem dele faz uso, torna-o cidadão de corpo inteiro – um cidadão que não exercita os seus direitos perde valor, desvaloriza-se cívica e socialmente.
Votando, a pessoa participa, toma posição face aos grupos e partidos, face às questões que estão em jogo, toma a sua opção perante o que está em jogo na consulta que se lhe faz.
Mas votar é também um dever cívico: como membro de um povo, de uma sociedade concreta, de uma comunidade de pessoas, é exigido a cada um que dê o seu contributo para a busca das melhores soluções, é imperativo que não volte as costas, mas que participe na definição das opções, dos caminhos que se considerem melhores para o futuro do grupo, comunidade ou Nação.
Dever que se impõe à consciência de cada cidadão e de cada cristão, porque o cristão acumula a obrigação cívica com a obrigação moral e religiosa.
Quem não vota vira as costas aos concidadãos, à sua comunidade, ao seu país, assume uma posição de não participação, que corresponde a colocar-se de fora de qualquer decisão, revelando a ausência de sentido coletivo e solidário, acobardando-se no seu individualismo.
Isolando-se dos outros, do todo, além de ser mau exemplo cívico, perde todo o direito à crítica e a qualquer reivindicação social e política.
Não votar reduz o cidadão à sua expressão mais simples de passageiro de uma carruagem cujo destino não escolheu, viajando para onde o levarem aqueles que decidiram, pela sua participação, a escolha de um rumo.
O cristão, por sê-lo, tem ainda o dever maior de participar nas decisões que determinam as escolhas para o futuro das comunidades, em termos políticos e governativos.
Não falta quem pregue que o cristão não se deve envolver na política, nem nas lutas pelas melhores escolhas governativas, como se o cristão, por ser membro da comunidade eclesial, se deva confinar, com a Igreja, às atividades puramente religiosas e, de preferência, apenas dentro dos Templos.
Ficar alheio aos destinos temporais dos países, das pessoas e das sociedades é pecado de abstenção e contribuiu, pela passividade e cobardia, para a implantação de regimes autoritários e perseguidores das liberdades e garantias dos cidadãos, incluindo a liberdade religiosa, como acontece frequentemente nos nossos dias, com perseguições aos cristãos e às igrejas católicas em vários países.
Vem tudo isto a propósito das próximas eleições autárquicas, que se realizam no nosso país, no próximo domingo, dia 1 de outubro, para a escolha dos membros das Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e respetivas Assembleias.
Os escolhidos irão dirigir estas Autarquias que, hoje em dia e cada vez mais, com a descentralização dos poderes do Governo Central, vão ter uma influência preponderante na qualidade de vida das pessoas e das comunidades locais.
É pois imperativo de consciência VOTAR e fazê-lo em consciência, escolhendo os que nos pareçam os melhores, os mais honestos e competentes, devotados ao bem comum e não à satisfação de egoísmos pessoais de poder.
DOMINGO, DIA 1 DE OUTUBRO, VAMOS VOTAR! É DEVER CÍVICO E CRISTÃO!