A nossa humanidade está ferida, mas não pode desistir de fazer o bem.

É chocante, triste e doloroso o momento que a comunidade Ismaili atravessa e solidariamente, estão com eles, todos os homens e mulheres de boa vontade,
independentemente da religião.

É chocante porque inesperado, triste porque houve vítimas mortais e porque há crianças que ficaram órfãs, apesar da prontidão da comunidade.

É doloroso pela violência dos factos, mas é justo reconhecer a prontidão e a eficiência com que a polícia agiu. Facto que, enquanto cidadãos, nos devolve a confiança nas forças policiais, que existem para nossa proteção.

É triste que este crime tenha ocorrido e que tenha vitimado inocentes que faziam o
bem.

Não são as políticas de imigração ou o dever de acolhimento dos refugiados que nos protegem de surtos psicóticos, nem estamos mais protegidos por procurar bodes expiatórios no desconhecido, sem justiça. Buscar a verdade, justiça e misericórdia é o ADN do pensamento e do agir cristãos.

A misericórdia assenta na confiança do bem que se “faz sem olhar a quem”. A prudência conduz-nos a insistir na preparação do acolhimento e integração sem
esquecer nenhuma vertente.

É sentido como dever, pelo conjunto das organizações católicas que constituem o FORCIM, opormo-nos a discursos, comportamentos ou atitudes que fomentem o medo e a desconfiança, o xenofobismo e a discriminação. Lamentamos profundamente que, face ao choque, tristeza e dor do que sucedeu na manhã do dia 28 de março, palavras de ódio e de intolerância contra pessoas imigrantes ou refugiadas, ou afirmações infundadas e de incitamento à suspeição sobre quem escolhe Portugal como país de destino para procurar trabalho e melhores condições de vida, encontrem espaço e volume na arena pública.

Salientamos a importância do diálogo inter-religioso para a paz e enaltecemos a intervenção social da Comunidade Ismaili, que tanto tem contribuído para o
acolhimento e inclusão de pessoas migrantes.

Continuaremos empenhados em promover a cultura do encontro e na consolidação de uma sociedade que se tem demonstrado aberta, acolhedora e solidária, rumo à coesão social e à inclusão de quem, independentemente do seu país de origem, procura refúgio e a oportunidade de uma vida digna.

O FORCIM integra as seguintes organizações: Capelania da Comunidade dos Africanos, Cáritas Portuguesa, Centro Padre Alves Correia (CEPAC), Comissão
de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas (CAVITP), Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Comissão Justiça Paz e Ecologia (CJPE-CIRP), Coordenação Nacional da Capelania Greco-Católica Ucraniana de Rito Bizantino, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), Fundação Fé e Cooperação (FEC), JRS Portugal – Serviço Jesuíta aos Refugiados, Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), Rede Hispano Lusa de Mulheres Vítimas de Tráfico e Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) (coordenação).