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Obra Católica Portuguesa para as Migrações e Turismo
Algumas actividades suas no período de 1967/1974
Sem possibilidades de consulta aos arquivos da OCPM, limito-me a recordar de memória, sem poder citar nomes, números e datas. Estas e aqueles são indispensáveis para compreensão exacta do que se passou.
Ao tempo, a Obra tinha aquele nome, pois o Turismo só recentemente se desligou dela.
Quanto se planeou e fez deveu-se, antes de mais, ao espírito lúcido e organizador do Sr. D. António dos Reis Rodrigues, Bispo de Madarsuma e, ao tempo, Presidente da Comissão Episcopal para as Migrações e Turismo.
Muito se ficou também a dever ao sentido dos Secretários da Direcção Nacional de que eu era presidente e a alguma, apreciável, ajuda da Cáritas Nacional.
E tudo a Deus se deve.
I – A publicação da Carta “Pastoral das Migrações” pelo Episcopado Português, no início de 1968 e a da Instrução Pastoral Pontifícia “De Pastorali Migratorum Cura” no mesmo ano, deram orientação geral para a organização da Comissão Episcopal e seu Secretariado Executivo, a Direcção Nacional bem como para a organização dos Secretariados Diocesanos e sob a sua orientação se começaram as missões para emigrantes, mais concretamente nos países da Europa e a delinear-se a pastoral migratória tanto nos países de origem como nos de destino e a proceder à recolha, preparação, apresentação e, por fim, envio dos missionários para diversos países.
Na mesma linha se enquadraram os encontros de aprofundamento da pastoral migratória, para os missionários nos países onde trabalhavam, e em Portugal, no Verão, assumindo estes a categoria de reciclagem e a que, em princípio, eram chamados todos os missionários de 3 em 3 anos.
Também as visitas frequentas às zonas de imigração e os contactos com os Bispos respectivos e seus delegados, bem como as actividades ditas de informação, mentalização e movimentação.
Também os cuidados para reagrupamento familiar e a preparação para a possível integração eclesial e social e o trabalho de aproximação no caso da aprendizagem da língua portuguesa por parte dos padres e religiosos de França, etc. tinham igual finalidade.
Releve-se, pois, o facto de, por motivo de brevidade, se enunciarem, a seguir, apenas actividades e outras iniciativas que hão-de considerar-se à luz do que fica dito.
Actividades da Direcção Nacional
I – Organizações de estruturas
Direcção Nacional – Secretariados diocesanos, em todas as dioceses portuguesas
II – Estudo a realidade migratória
Encontros, cursos, conferências, estudos…
III – Escolha de missionários e organização de missões
Preparação, apresentação e colocação
Organização de missões católicas portuguesas em quase todos os países da Europa livre, com predomínio da França, Alemanha, Suíça, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Luxemburgo, Itália, Espanha e Suécia. Foram muitas dezenas de missionários enviados para organizar essas missões.
Estruturas de apoio e coordenação: delegados do episcopado português e do episcopado do país que recebia.
– Padres estrangeiros – que tinham trabalhado no Brasil são nomeados missionários de portugueses na Alemanha e Holanda.
– Padres espanhóis assumem a responsabilidade da assistência aos portugueses no Sul da França e na Suécia.
– Os padres Scalabrinianos entram a dar a sua colaboração em Portugal, França e Luxemburgo.
– Padres estudantes portugueses encarregam-se da assistência religiosa a compatriotas seus em Paris e arredores, na Bélgica e em algumas zonas da Alemanha.
IV – Informação, mentalização e movimentação geral
Dia Mundial das Migrações – Cartazes, boletim especial em números, dados e orações próprias. A par, homilias em todas as Eucaristias de Portugal, assim como especiais tempos de rádio e TV e larga informação na imprensa escrita.
O mesmo se faz na Semana Nacional das Migrações, com a peregrinação nacional, a Fátima, já com a participação de emigrados.
– Boletim informativo, de dois em dois meses
– Encontros de sacerdotes e cursos em Seminários, conferências em escolas do Magistério e outras e encontros com Movimentos Católicos, etc.
V – Actividades específicas
– Participações em congressos – Encontros mundiais e europeus sobre pastoral migratória. Visitas a países de imigração: Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Itália e Suíça. Estados Unidos da América, Canadá, Bermudas e África do Sul, etc.
VI – Formação de missionários
– Encontros regulares de formação nos países onde trabalham
– Encontros de reciclagem em Portugal, no Verão, em princípio obrigatórios de 3 em 3 anos.
VII – Contacto com Episcopados de zonas de imigração e com Bispos isolados ou seus delegados.
As Comissões Episcopais para as migrações de Espanha, França, Itália e Portugal, reúnem duas vezes em cada ano.
VIII – Contacto com missionários isolados – Argentina, Brasil, Venezuela.
IX – Colaboração dada e recebida – Com a Comissão Católica Internacional para as Migrações com o Comité Europeu das Migrações e com a Junta Nacional das Migrações, etc.
X – Introdução de padres e religiosas de França no conhecimento da língua portuguesa – Cursos em Portugal, no Verão, vários ao ano, cada com média de 25-35 presenças e durante um mês. No fim de semana há encontro com o povo. Outros encontros amigáveis.
XI – Adaptação da pastoral migratória nas terras de origem, nos tempos de férias.
XII – Convénio com os bispos franceses quanto a processos de matrimónio e de baptismo de emigrantes.
Catecismo para filhos de emigrados em França ali residentes
XIII – Reagrupamento familiar – Muito trabalho feito nesse sentido. Estudo quanto à situação e mentalidade dos filhos dos emigrantes.
XIV – Leitores de português em escolas francesas – contacto com a Junta Nacional da Educação
– Legislação migratória e sua adaptação – contacto com o Ministro de Estado.
XV – A integração eclesial e social dos emigrantes portugueses – orientação dada nesse sentido – Possibilidades e dificuldades.
XVI – Secretariados paroquiais para as migrações – envio do boletim paroquial e saudações pelos aniversários, etc.
XVII – Cédula da vida cristã – preparada para os emigrantes. Hoje é comum.
XVIII – visitas de Páscoa a seus paroquianos em terras de fixação. Presidência de Bispos portugueses em festas dos emigrados, onde residem.
XIX – Assistentes Sociais – Preparadas e enviadas para ajudar os emigrantes, na Alemanha.
XX – Pastoral do Turismo – Lançada nas diversas zonas turísticas do País.
XXI – Apostolado do Mar – Em funcionamento autónomo, mas integrado na Obra Católica Portuguesa de Migrações, etc. etc. etc.
D. Aurélio Granada Escudeiro
Bispo Emérito de Angra