Ecclesia – internet (4 mai)
Igreja: Encontro anual do Comité Católico Internacional para os Ciganos centrado na «hospitalidade mútua»
Delegação de Portugal participou no encontro realizado na Abadia de St. Ottilien, na Baviera
A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC) participou no encontro anual do Comité Católico Internacional para os Ciganos (CCIT), que teve lugar de 22 a 24 de abril, na Abadia de St. Ottilien, na Baviera (Alemanha), sob o tema ‘A hospitalidade mútua’. Portugal esteve representado por pessoas da ONPC e das Dioceses de Lisboa, Porto e Vila Real.
“O CCIT vive a dimensão da espiritualidade do acolhimento, que permite construir uma relação de amizade baseada num verdadeiro intercâmbio, em pé de igualdade entre Ciganos e Gadgé. Esforça-se por manifestar e por viver a mensagem do Evangelho que encoraja a acolher os outros, sobretudo aqueles que são os mais frágeis na sociedade, como ‘encarnações vivas de Cristo’”, assinalou o Cardeal Michael Czerny, presidente interino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), numa mensagem ao encontro, divulgada hoje a ONPC no jornal ‘A Caravana’.*
O diretor-executivo da ONPC, Francisco Monteiro (FM), recorda que o Cardeal Michael Czerny assinalou que os membros do CCIT “se esforçam por construir pontes entre dois mundos culturais diferentes”, na tentativa de construir uma comunidade em que “a hospitalidade e a fraternidade cristãs universais que são proclamadas se tornem verdadeiramente realidade”. “Isso exige também que as comunidades de fiéis pratiquem diferentes formas de hospitalidade e de acolhimento para com os ciganos que chegam”.
‘Somos Ciganos e estamos sedentos de hospitalidade’ foi o tema da conferência principal do encontro, apresentada por monsenhor Bruno Marie Duffé, anterior secretário-geral do Dicastério para o Desenvolvimento Integral, e especialista em Doutrina Social da Igreja, que recordou os quatro verbos do Papa Francisco: “Acolher, proteger, promover, integrar”.
No editorial do jornal ‘A Caravana’, número 104, publicado hoje online, intitulado “Lições, reconhecimento”, FM assinala que esse espaço é muitas vezes usado para alertar para as “injustiças que tão frequentemente são cometidas contra as pessoas e as populações ciganas”, mas, desta vez, condena “os crimes hediondos que foram cometidos em janeiro contra profissionais de saúde no Hospital de Famalicão”.
“E particularmente para exortar as Associações de ciganos a atuar e a levantar a voz para que lamentáveis situações como estas não só não se repitam, como não seja possível que o enquadramento em que ocorreram possa voltar a provocá-las. Infelizmente só existe atualmente em Portugal um mediador hospitalar cigano, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa”.
No mesmo editorial, FM também alerta para a realidade do acolhimento, através da tentativa do desalojamento de uma família cigana do “acampamento em que sobrevivia”.**
* ver notícia na Caravana nº 104.
**e que foi impedida pela ação da Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade (NR).