FRA: A PANDEMIA PIORA A POBREZA E A DISCRIMINAÇÃO DOS CIGANOS
Numa notícia de 29 de setembro, a FRA (Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais) refere o seu último boletim em que se afirma que a pandemia do Coronavírus afetou os ciganos com particular violência. Muitos ciganos perderam a sua fonte de rendimento, a excessiva concentração habitacional e a falta de instalações sanitárias aumentaram os riscos para a sua saúde e o ensino à distância foi dificultado pela falta de acesso à internet. A discriminação e a retórica anticiganos também aumentaram, especialmente online. A FRA apela aos decisores políticos para que encarem com urgência estes desafios imediatos e ponham em funcionamento estruturas perduráveis para combater os preconceitos enraizados e a discriminação.
O Diretor da FRA, Michael O’Flaherty afirmou: “O coronavírus não discrimina, mas as medidas para o conter sim. Sofrendo um lockdown mais restrito, pouco apoio social e um acesso limitado ao ensino online, muitas comunidades ciganas foram dizimadas pela pandemia. Os Estados Membros (EMs) têm que enfrentar estes desafios, fortalecer a inclusão social e envolver os próprios ciganos – tanto durante a crise do Covid 19, como depois”.
O referido boletim da FRA documenta a situação dos ciganos em 15 EMs entre 1 de março e 30 de junho de 2020; principais desafios (excertos): Habitação – condicionalismos indicados acima.
Emprego – o lockdown deixou desempregados os vendedores de rua e quem tinha contratos precários. Como muitos ciganos não integravam a chamada economia formal antes da pandemia, não podem ter acesso a apoios ou revindicar benefícios da segurança social.
Pobreza – a perda de empregos aumentou a pobreza e o risco de desnutrição que já grande antes da pandemia.
Saúde – ver acima.
Educação – a ausência do acesso à internet e a falta de computadores impede a maior parte das crianças ciganas de participarem no ensino online quando as escolas fecham.
Discurso de ódio – o discurso de ódio e a discriminação contra os ciganos aumentou
durante a pandemia, ao serem acusados de espalharem o vírus.
A FRA apela para que os EMs implementem as medidas de inclusão recomendadas desde 2013 pelo Conselho da UE, designadamente (i) que os ciganos tenham acesso igual ao da população em geral a todas as medidas de redução da pobreza, geração de emprego e a outras medidas de inclusão social; (ii) os mediadores para a saúde e para a educação que prestam serviços básicos às comunidades ciganas durante a pandemia, necessitam de apoio e recursos adequados para prestarem ajuda às pessoas necessitadas e (iii) os EMs precisam de combater o anticiganismo e os preconceitos contra os ciganos.