“ÓRFÃ DE PAIS VIVOS” DE MARIA DE JESUS SERRANO  PUBLICA 2ª EDIÇÃO

Maria de Jesus Serrano (MS), filha de pai cigano, contou a história da sua vida, ou do triunfo da sua vida contra ventos e marés, num livro de leitura apaixonante “Órfã de Pais Vivos” cuja 2ª edição saiu recentemente. Entre os testemunhos que prefaciam o livro está o da Drª Fernanda Reis (FR), até há pouco Presidente do Secretariado Diocesano de Lisboa da Pastoral dos Ciganos. FR menciona que foi a Irmã Zulmira Cunha, que foi Diretora e posteriormente Diretora-Adjunta da ONPC, quem conduziu MS e a sua irmã à Obra Nª Sª da Purificação em Fátima, onde foram acolhidas e iniciaram  o seu percurso educativo.

 

O livro, põe a nu os reflexos do drama de uma cultura, a cigana, que preza a transmissão dos seus valores, por vezes de forma intransigente e excluidora, no evoluir de uma criança cuja vida afetiva é fortemente condicionada pela pertença familiar ou pela falta dela.

 

O amor ou a falta dele no relacionamento materno, paterno, filial e fraterno, a terminar no amor mulher-homem e homem-mulher no quadro de uma vocação religiosa, são a espinha dorsal deste livro que não é ficção, mas sim realidade vivida com sofrimento, coragem, esperança e realização. Parabéns à sua Autora pelo que viveu, triunfou e transmitiu.

A permear toda esta extraordinária história pessoal e que envolve diversas comunidades, pequenas e grandes, está a caridade como o Papa Bento XVI a definiu na sua primeira Encíclica Deus caritas est, quando cita Sto. Agostinho: “Se vês a caridade, vês a Trindade” (n.19). A história de MS toca o amor pelo próximo de diversos intervenientes que a Autora cita, sempre reconhecida e comovidamente.

É neste preocupar-se pelos outros em geral ou, mais admiravelmente, por esta pessoa e por aquela e mais por esta, em particular, que se revela a presença de Deus no mundo dos homens e das mulheres que convivem connosco e que o amor de Deus faz próximas, ou que o seu desconhecimento leva a que as ignoremos. E se são próximas entram nas nossas vidas que se modificam para acolher, para abraçar, para apoiar, de tal maneira que quem é assim amado passa a considerar tais pessoas como da sua verdadeira família, porque o são de facto. Obrigado, Senhor, por nos teres ensinado o amor. Obrigado, Maria a quem Bento XVI confiou a Igreja na “sua missão ao serviço do amor” (n.42).