“OS FRUTOS DO GRÃO SEMEADO” – UMA COMUNIDADE CIGANA NA HUNGRIA
Artigo no Nevi Yag* de junho de 2019, por Éva Rózshgyné Juhász, colaboradora da pastoral da arquidiocese de Hajdúdorog (Hungria)
O P. Sója Miklós (SM) chegou à comunidade greco-católica de Hodász em 1942, e, jovem padre, percorreu a aldeia, falando com toda a gente, incluindo o bairro cigano, na extremidade da povoação. Aí travou familiaridade com as crianças que ajudou a formar, mais tarde, como adultos conscientes, eles que “aos olhos dos outros, não eram mais que nada de nada“. SM começou por organizar uma peregrinação ao santuário de Máriapócs com os ciganos que são tendeiros de profissão. Esta primeira peregrinação despertou nos ciganos a vontade de pedir os sacramentos da confissão e da eucaristia. Trataram então de procurar um sítio onde se reunir. A capela foi autoconstruída. A primeira missa foi celebrada em lovári (língua cigana).
Entretanto SM tinha aprendido o dialeto cerhári (dialeto cigano) e tinha feito a tradução da liturgia. A capela tinha diversas funções: casa de Deus, escola, local de diversas atividades da comunidade. SM tratou de alfabetizar os seus paroquianos, iniciou-os a comer com talheres. A capela estava decorada com letras do alfabeto e com tabelas da tabuada, ao lado das imagens santas. Na capela era também feita a distribuição de roupa e de calçado. Havia um caderno onde SM desenhava os contornos dos pés das crianças. No programa de SM estava também a organização de grupos de teatro, dança, desporto, etc. A comunidade cigana de Hodász tornou-se uma paróquia. Em 1968 o Papa Paulo VI deu-lhe US$ 1.000, como presente pessoal para aumentar e embelezar a capela. Em 1981 SM reformou-se ao fim de 40 anos de serviço. Com o tempo, a capela transformou-se em igreja. Seguiu-se a criação de centros, como um lar, uma casa provisória para famílias em dificuldades, um local para cursos de reciclagem, uma escola materno-infantil. Atualmente a paróquia cigana greco-católica e os seus centro são os empregadores mais importantes. Na aldeia, a compreensão mútua entre ciganos e húngaros é exemplar. O número dos ciganos com diplomas aumenta, sobretudo entra as raparigas que se tornam educadoras da escola materno-infantil, assistentes sociais.
“Pensamos que o nosso trabalho de 70 anos deu os seus frutos.”
*Nevi Yag ( fogo novo em Romani) é a revista do CCIT (Comité Católico Internacional para os Ciganos)