UNION ROMANI – Union del Pueblo Romani (15 mar)
Refugiados ciganos que fogem da Ucrânia são maltratados
“Homens e mulheres ciganos são agredidos fisicamente nos controles fronteiriços e nos procedimentos para os refugiados. Uma mulher cigana que chegou à Moldávia disse que ela e a sua família passaram quatro dias à espera na fronteira sem comida nem água e que depois de encontrarem um abrigo, foram expulsos pelos próprios guardas ucranianos.”
Ao chegar às fronteiras dos estados vizinhos, os ciganos encontram uma discriminação “brutal” em ambos os lados das fronteiras do país. Diversos grupos de defesa dos direitos humanos estão a fazer apelos veementes.
Zeljko Jovanovic (ZJ), líder cigano que dirige a Oficina de Iniciativas Ciganas, que tem como objetivo fortalecer as vozes e a liderança dos ciganos, bem como melhorar as políticas públicas e os serviços prestados aos ciganos, tornou-se o informador de referência parta conhecer a situação em que os ciganos ucranianos se encontram. ZJ que anteriormente trabalhou para a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), relata que grupos que trabalham no terreno nas fronteiras da Eslováquia, Roménia e Hungria confirmam a dura discriminação que as famílias ciganas sofrem, o que tem sido confirmado pelos meios de comunicação social. Os ciganos são maltratados tanto pelos guardas fronteiriços, como pela população local, a partir do momento em que saem da Ucrânia.
Há organizações que residem nos países fronteiriços com a Ucrânia, que estão a realizar um trabalho extraordinário acolhendo as famílias ciganas que tentam sair do inferno da guerra. A Ucrânia é um país que faz fronteira com sete países: ao norte e leste com a Rússia (a maior fronteira), a norte, também com a Bielorrússia, a oeste com a Polónia e a Eslováquia e a sudoeste com a Roménia, Hungria e Moldávia. A população cigana destes países ultrapassa cinco milhões de pessoas.
O Centro Europeu dos Direitos dos Ciganos (ERRC) confirma a afirmação de ZJ de que “os ciganos são sempre os últimos a deixar o país”.
Béla Rácz, membro da Conferência Permanente Cigana, uma organização húngara de debate e ideias, que se ocupa dos ciganos da Hungria, disse que na cidade fronteiriça de Zahony, no leste do país, os ciganos foram vítimas da falta de consideração tanto da polícia ucraniana como da húngara. Os refugiados chegaram à fronteira em diferentes autocarros: num vinham os ciganos e noutro os “gadchés*. E acrescenta que “as mães ciganas foram controladas pela polícia húngara muitas vezes, enquanto que as mães não ciganas não”.
Jaroslav Miko que dirige uma ONG que transportou mais de 100 refugiados ciganos da fronteira entre a Ucrânia e a Eslováquia para a República Checa, disse ter visto “discriminação contra os ciganos entre os voluntários que iam recolher pessoas na fronteira”. Declarou, por ex., que os voluntários recolhiam alguns refugiados em viaturas e levavam-nos para outros locais, mas que se recusavam a prestar assistência às famílias ciganas. O Inter Press Service (IPS), uma agência mundial de notícias, confirmou a marginalização que os refugiados ciganos sofrem.
Segundo ZJ, há uma rede de grupos ativistas ciganos que coordenam o trabalho para ajudar os refugiados, e também há presidentes da câmara ciganos em muitas cidades próximas das fronteiras da Roménia e da Eslováquia que estão dispostos a acolher os refugiados ciganos e a organizar o seu alojamento.
E em Espanha existem várias organizações ciganas que mobilizaram os seus recursos para levar roupas e alimentos até à fronteira da Polónia com a Ucrânia e para trazer para Espanha famílias que as queiram acompanhar.
Que Devel les diñele buter latchó bají. (Em kaló: “que Deus lhes dê muitíssima sorte).
Partilha-se uma link onde se pode ver uma expedição de ciganos espanhóis que foram ajudar as famílias ciganas refugiadas da Ucrânia.
https://www.youtube.com/watch?v=MUdVlKpU9kY&t=5s
* não ciganos
Juan de Dios Ramírez-Heredia Montoya
Advogado e jornalista