Mensagem de Natal da LOC/MTC
São muitas as pessoas e famílias por esse mundo fora, que em vez de respirarem serenidade e dormirem tranquilas passam noites a magicar caminhos. As amarguras não deixam dormir.
São famílias sem meios, que se vêem obrigadas a deixar a sua terra à procura de formas de subsistência noutro lugar; são órfãos, que perderam os pais ou foram violentamente separados deles para uma exploração brutal; são jovens sob pressão, em busca duma realização profissional, cujo acesso lhes é vedado por míopes políticas económicas; são vítimas de tantas formas de violência: desde a prostituição, à droga, à violência doméstica e crianças abusadas por aqueles em quem confiavam, pessoas humilhadas no seu corpo e no seu íntimo; são trabalhadores, com horários incomportáveis para darem atenção aos filhos; são os milhões de migrantes, vítimas de tantos interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se nega a solidariedade e a igualdade, e tantas pessoas sem-abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas ruas das nossas cidades.
Depois da adoração dos Magos, José, Maria e o Menino Jesus partiram para o Egipto. Herodes mandara matar os recém-nascidos, não fosse algum ameaçar o seu reinado, o seu poder. Dirigem-se para o Egipto quando, na história Bíblica, o Egipto representa repressão, trabalho de escravos, sangue e morte! São Mateus tem as suas intenções! No Egipto, Deus ouviu o clamor do Seu povo oprimido e desceu para caminhar com ele. O Evangelista quer mostrar que aquele Menino, reconhecido e adorado como Filho de Deus, vem assumir toda a caminhada do povo Bíblico, com as suas amarguras e experiências de libertação, vem encontrar-se com os pobres, caminhar com eles, experimentando a precariedade de quem só tem Deus por auxílio.
A condição de marginalização e desânimo, em que vivem hoje milhões de pessoas violentadas e pobres, não poderá durar por muito tempo. O seu clamor aumenta e abraça a terra inteira.
Somos chamados a tocar a sua carne, entender seus sofrimentos, para nos comprometermos pessoalmente num serviço que é autêntica evangelização. Nem sempre a maior necessidade é de ordem material, mesmo que esta seja a primeira a manifestar-se. Por isso a promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso exterior ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica. O amor que dá vida à fé em Jesus não permite que os seus discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma intimidade espiritual, sem qualquer efeito na vida social(cf. Francisco, EG, 183).
A LOC/MTC escuta o clamor dos pobres, especialmente dos trabalhadores e suas famílias, com as vidas precarizadas pela falta de felicidade e realização, que o seu trabalho lhes deveria proporcionar. Na noite que ensombra as nossas vidas, todos precisamos ser solidários, nos levantarmos e pormo-nos a caminho. É o nosso compromisso e o nosso desafio.
Há uma certeza, este MENINO é luz que nasce para todos! E “a esperança dos pobres jamais se frustrará» (Sl 9,19) Dezembro de 2019