A falta de confiança que todos enfrentamos traz consigo um inimigo perigoso: o medo do futuro. Vivemos o dia-a-dia sem esperança num futuro melhor e com medo de que nos dias seguintes seja ainda pior. Com medo, a mobilização não surge, ou aparece de forma extremada, exteriorizando a raiva e a humilhação. Só sairemos da crise com um projeto de responsabilização conjunta dos principais partidos responsáveis pela governação, com a coordenação do Presidente da República. Cabe aos agentes políticos a construção de um projeto de mobilização coletiva que ultrapasse a dimensão egoísta dos seus ganhos imediatos e alcance um desígnio novo para o país.
Daniel Sampaio
Revista 2 (Público), 14-04-2013
Os regimes democráticos vivem mal com a privação extrema dos seus cidadãos. O triunfo da democracia liberal está ligado ao triunfo de um modelo económico que foi capaz de redistribuir rendimentos, que criou a classe média, que limitou drasticamente a pobreza. A ausência de perspetivas ao empobrecimento é uma porta aberta ao autoritarismo.
Editorial
Público, 14-04-2013
Se não for pedir demasiado, convém que as pessoas decidam se preferem corrigir as contas públicas pelo lado do emagrecimento da coisa pública ou pelo lado do emagrecimento dos contribuintes (também existe aquela ala folclórica que prefere não corrigir contas nenhumas, mas aqui falo de gente crescida). O que não se pode é defender apenas o fisco que estrangula os outros ou a poupança que não nos afeta. Condenar o aumento de impostos e, em simultâneo, atacar o seu reverso é, sem ofensa, uma palermice.
Alberto Gonçalves
Diário de Notícias, 14-04-2013
Sem a criação contínua da Europa, como empreendimento de sabedoria, de ética e beleza, todos passarão a colocar na balança apenas o que cada país tem a ganhar ou perder em euros.
Bento Domingues
Público, 14-04-2013