Os comentários, os vaticínios chovem de todos os quadrantes. A par com isso, uma expectativa sadia, rezada, solidária… É assim o ambiente desta manhã de terça-feira, que precede o início do Conclave para eleger o sucessor de Bento XVI.
As tentações são possíveis. A composição do Colégio eleitoral sugere a possibilidade de formação de blocos. Mas as surpresas acontecem. O Espírito Santo é capaz de vencer a fragilidade dos homens. Essa é a raiz da esperança que deixa os católicos e os homens de boa vontade serenamente suspensos do fumo da Capela Sistina.
Esperamos que sensibilidade dos Cardeais tenha adquirido esta visão “supra paroquial” do ministério petrino. A história transforma os cenários do cristianismo. Os horizontes da universalidade impõem, hoje, uma visão e um acolhimento da eclesial diversidade cultural.
Sucessor de Pedro, Bispo de Roma, o Papa é o eixo da comunhão eclesial. Desde logo, requer-se que seja olhos e coração aberto a todas as expressões de vida dos povos, no seio das quais se plasma e desenvolve, se configura o rosto visível da Igreja. A velha Europa já não é a força vigorosa do Evangelho em marcha, embora tenha as suas minorias católicas fidelizadas, consolidadas pelas resistências e dificuldades enfrentadas.
Será bem vindo um Romano Pontífice de braços abertos, compreensivo e solícito para com tantos que se distanciaram ou andam sinceramente em busca. Terno e firme com todos os rotineiros, os quais, julgando-se irrepreensíveis, carecem do fogo do amor incondicional, à família eclesial e aos que necessitam de médico.
Quem sabe se chego às mãos do leitor já com novo timoneiro designado para o comando da barca de Pedro!… Seja bem vindo! Que se faça ao largo – duc in altum! Que, às ordens do Bom Pastor, parta por montes e vales à procura das ovelhas perdidas; que lance as redes, mesmo quando parece inútil a faina; que acalme os mares da inquietação, da discórdia, da revolta, navegando na mesma barca com todos os inseguros…
Seja bem vindo! E contagie os que acreditam com a ousadia da esperança, com a certeza da meta, com o arrojo de quem deita as mãos ao arado e não olha para trás!
