Mensagem de Natal da LOC/MTC
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e dos aflitos, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no seu coração.”
A LOC, Movimento de Trabalhadores Cristãos, quer fazer suas estas palavras do Concílio Vaticano II, de há 50 anos, neste tempo em que muitos trabalhadores experimentam medos diversos: medo do individualismo/concorrência entre colegas de trabalho, medo de represálias por ser sindicalizado, medo de deixar de ser útil, medo de ficar desempregado e deixar de poder satisfazer os seus compromissos, medo de constituir família, de ter filhos, medo de ser deslocado para longe, medo dos refugiados, medo de deixar de ser pessoa para se tornar numa coisa que produz e consome, numa coisa que “vende” trabalho, num número do sistema.
Não podemos ter dúvidas: O medo é uma estratégia que os detentores do dinheiro usam para continuar a dominar. O medo é provocado, alimentado e manipulado. O medo inibe a liberdade e a ação, debilita-nos, desequilibra-nos, destrói as nossas defesas psicológicas e espirituais, anestesia-nos diante do sofrimento, desumaniza.
Partilhamos todas estas realidades juntamente com sinais de esperança que nos vêm de Jesus de Nazaré, o Deus que colocou o homem no centro, especialmente os pobres, os excluídos, os que “ninguém dava nada por eles”. Ajudou-os a enfrentar os medos, desfez mal-entendidos, despertou-os para abrirem os olhos, libertou quem estava atrofiado, deu voz a quem não a tinha, ergueu quem vivia amargurado. A sua missão esteve sempre ligada a desalojar do centro o poder, o dinheiro, e até a religião para nele colocar o homem.
Os sinais de esperança vêm-nos de muitos seguidores de Jesus que ainda hoje não se conformam, que lutam pela justiça, que se recusam a vender a sua dignidade, que se colocam ao lado dos indefesos, que derrubam muros.
Grande sinal de esperança continua a ser para nós, o papa Francisco pelo que diz, pelo que faz mas também pelo que sugere: está a incutir-nos continuamente a ideia de que é possível outro mundo, outro modo de viver.
E nós acreditamos e sentimo-nos impelidos a agir.
Tempo de Advento. Tempo de esperança.
Boas festas e vamos em frente.
Dezembro de 2016