Esta é uma das conclusões a que chegamos na Equipa Nacional da LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos, reunida no dia 21 de janeiro, em Aveiro, com o objetivo de avaliar a dinâmica de vida e ação do Movimento no ano de 2011 e programar as várias atividades a promover neste ano em curso.   
Da reflexão feita a propósito das prioridades que o Movimento tem para este ano, o trabalho precário, o desemprego e as migrações, fica a necessidade de sensibilizar os trabalhadores e os cidadãos pobres que devem lutar pelos seus direitos cívicos e constitucionais, exigindo ser tratados com todo o respeito no trabalho, na saúde e no apoio social a que têm direito. Não é tolerável que num Estado democrático, promotor da liberdade e da equidade social, os seus governantes deixem crescer vergonhosamente as desigualdades sociais e financeiras. Que se preocupem mais em cortar direitos, salários e apoios sociais e não apresentem medidas para combater a fraude fiscal ou cortar nas despesas desnecessárias. Que fragilizem cada vez mais as condições de trabalho, desvalorizando a dignidade dos homens e mulheres que o executam. Que façam com que milhares de homens e mulheres que trabalharam uma vida inteira recebam hoje reformas tão baixas que fazem deles tão pobres que os obriga a mendigar nas instituições de solidariedade a sua sobrevivência.  
Estamos conscientes de que é necessário mudar alguns hábitos de consumo e apostar mais na formação integral de cada cidadão, mas também sentimos que é ainda mais necessária uma mudança de paradigma no modelo de governação e de desenvolvimento para o nosso país. Torna-se premente, neste tempo, uma nova ordem económica mundial de que tantos falam, inclusive a Igreja na pessoa do Papa Bento XVI. Num país e numa Europa com profundas raízes cristãs, com tantos políticos, economistas e empresários a assumir essa condição, deveriam ser mais consideradas as propostas e os desafios que vêm na Doutrina Social da Igreja e nos Evangelhos, onde a qualidade do trabalho e a sua justa remuneração são sinónimos da dignificação de quem o executa e fundamentais para um modelo de desenvolvimento social mais justo e equitativo na partilha das riquezas e mais solidário e fraterno nas relações humanas.  
São estas algumas das preocupações que o movimento LOC/MTC vai ter em conta na animação das várias atividades de formação a promover ao longo do ano. Já nos próximos dias 06 a 09 de Fevereiro, vamos reunir em Portugal com a Comissão Permanente da HOAC – Hermandad Obrera Accion Católica de Espanha onde, entre outros assuntos, vamos abordar a realidade social e laboral vivida nos dois países. Este encontro será realizado no seminário de Almada. No mês de março vamos promover três encontros interdiocesanos, no norte, no centro e no sul com o objectivo de procurar propostas de mudança que somos desafiados a experimentar viver perante as realidades do desemprego, da precariedade e das migrações. E em Junho vamos promover mais um seminário europeu sob o lema “Pelo Direito ao Trabalho Digno para Todos”, onde serão debatidos entre outros, a estratégia da União Europeia para 2020 e o envelhecimento activo e solidário entre gerações, tendo em conta que este ano a Europa decidiu valorizar esta temática.
Queremos, desta forma, continuar o nosso caminho solidário e fraterno de contribuir para combater as injustiças e desigualdades do mundo do trabalho, do individualismo e da indiferença pela vida cívica que atinge muitos trabalhadores. Porque, em tempo de crise como em tempo de abundância, devemos lembrar-nos que Jesus Cristo nos impele a agir com amor, justiça e esperança.
Aveiro, 21 de janeiro de 2012
Equipa Nacional da LOC/MTC