No princípio deste ano os ugandeses, de modo especial as mulheres, emocionaram-se quando a ativista feminista Winnie Byanyima saltou para uma das mais cobiçadas responsabilidades mundiais. Foi nomeada Diretora Executiva de Oxfam Internacional. Oxfam é uma confederação de 17 organizações que trabalham conjuntamente para encontrar soluções duradouras contra a pobreza e a injustiça. Também o ano passado outras duas mulheres destacadas do Uganda subiram no seu estatuto internacional: a Assembleia Legislativa da África do Este escolhia Margaret Zziwa como sua Presidente, convertendo-se na primeira mulher a ocupar esse cargo. A outra mulher foi a doutora Margaret Mungherera, eleita como Presidente da Associação Médica Mundial (WMA).
 
No contexto sociopolítico do Uganda, as mulheres superaram muitas limitações para conseguir ir mais além. Por exemplo, Rebecca Kadaga, Christine Ondoa Kiwanuka e Maria Kiwanuka estão à frente do Parlamento e dos Ministérios da Saúde e das Finanças respetivamente. Também se verificou a tomada de posse de cargos de influência nas empresas e na sociedade civil por parte das mulheres. Para equilibrar ainda mais o nível sociopolítico das mulheres, o Governo assinou e ratificou vários acordos internacionais, regionais e sub-regionais destinados a promover a igualdade de género e o apoio às mulheres.
 
Apesar destas políticas sensatas e dos gestos do Governo para elevar o estatuto político-social das mulheres, há limitações neste progresso: o caminho que há pela frente, na questão das mulheres, é talvez muito maior do que o percorrido até agora. Ainda que algumas mulheres se tenham salientado, a maioria das mulheres no Uganda continuam nos patamares mais baixos da sociedade. Na maioria das empresas, as mulheres têm cargos de nível médio e não importa o que se trabalhe, mesmo que seja muito, não conseguem progredir. No que se refere à maternidade, as mulheres, especialmente as das zonas rurais, continuam a ser vítimas de despedimentos e/ou discriminação ao ficarem grávidas, apesar das intervenções do Governo.
Quanto à educação, a taxa de abandono das raparigas é superior à dos rapazes. Para fazer a matrícula na escola secundária exige-se às adolescentes um teste de gravidez e se o mesmo for positivo não se podem inscrever. Logo, a matrícula das mulheres nas Instituições de Ensino Superior continua a ser menor que a dos homens. Existe uma correlação entre o desenvolvimento social e individual e a qualidade recebida da educação. Portanto, se se quiser que mais mulheres exerçam poder e influência, terão de ter acesso a uma educação de qualidade, especialmente na educação superior. Para uma mulher ter recebido uma boa educação é a sua verdadeira força que a capacita para superar os obstáculos do progresso como a pobreza, a enfermidade, a ignorância, o abuso dos direitos humanos, a violação, a inibição ou as tradições.
 
O Movimento de Trabalhadores Católicos (CWM) do Uganda apoia o programa do Governo, mediante a organização de grupos de mulheres que as ajude a fortalecerem-se através da educação permanente. Isto acontece num processo integral contínuo, com dimensões cognitivas, psicológicas e económicas, com a finalidade de obter a devida emancipação. Dada a complexidade das inter-relações da sociedade, a mulher tem que pensar sistematicamente sobre as estratégias e as propostas concretas para a ação futura, se estiver à espera de alcançar esse objetivo.
 
Nas nossas sociedades existe uma divisão sexual do trabalho que dita o tipo de formação que se adquire. Se se fala do fortalecimento das mulheres, é importante que as mulheres tenham acesso às diferentes oportunidades de formação que antes lhes foram negadas. Isto significa portanto:
– Preparar as nossas mulheres para trabalhos que normalmente não estão direcionados a elas.
– Proporcionar projetos de criação de emprego que estejam orientados ao mercado (não projetos orientados ao bem-estar).
– Capacitar as mulheres para serem líderes em todos os níveis do movimento.
 
O CWM do Uganda está a orientar-se para estes objetivos, ajudando as mulheres membros nas seguintes ações:
– Desenvolver a sua autoestima e autoconfiança.
– Orientar para ser capaz de ter a capacidade de negociar e tomar as suas próprias decisões.
– Elevar a consciência dos seus direitos e responsabilidades civis.
– Proporcionar formação necessária para a criação de empregos.
– Animar para que participem ativamente na comunidade e na sociedade mais eficazmente.
– Preparar para serem mulheres líderes.
 
Para as mulheres do CWM do Uganda isto torna-se possível porque quando estão juntas nas reuniões do seu grupo, proporciona-se-lhes o espaço e o tempo para partilharem ideias e aprender umas com as outras. Também são formadas nos conceitos básicos, como a educação de adultos (ler e escrever), administração local, a formação básica de cozinha e conhecimento elementar de um negócio. Desta forma, o grupo proporciona às mulheres um terreno fértil para o seu processo de fortalecimento. Através destes programas, as mulheres são capazes de levar a cabo atividades geradoras de trabalho, melhorando definitivamente o trabalho local.
 
Ao celebrar este ano o Dia Internacional da Mulher, o Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) convida todos a celebrar os frutos obtidos pelas grandes lutas e a fraternidade das mulheres em todo o mundo, sem esquecer que ainda nos falta muito para alcançar a igualdade e o respeito reais para as mulheres nas nossas sociedades. Insistimos que todas as partes interessadas devem promover a criação de Gabinetes da Mulher, para ajudar a capacitar as mulheres em grupos e apoiar o seu processo de fortalecimento. Quando a mulher se reforça, o mundo se reforça. Portanto, é necessário acabar com a violência contra as mulheres, assegurar o seu direito à educação contínua e à igualdade de oportunidades!
O Secretariado Geral do MMTC