Estiveram presentes 105 militantes e simpatizantes do Movimento da Diocese. Igualmente marcou presença a Coordenadora Nacional, Fátima Almeida e a Isabel Pereira, coordenadora da Diocese de Braga. Estiveram ainda presentes como convidados responsáveis da ACI, BASE-FUT e alguns sacerdotes assistentes e amigos do Movimento.
Foi aprovada, por unanimidade, a Ata da anterior Assembleia.
Foi igualmente apreciado e aprovado com uma abstenção o Relatório de Atividades realizadas no âmbito do Movimento em 2010/2011.
Foi também aprovado por com uma abstenção o Relatório e Contas do ano findo, bem como o Orçamento para o ano 2011/2012 com uma abstenção e um voto contra.
Foi desenvolvido o tema de Formação e Debate Renovar a vida em comum: restaurar o laço social e instituir lugares de humanização orientado pelo Dt. José Luís Gonçalves. Começou por nos mostrar a realidade social em que vivemos:
I – Compreender o presente e enfrentar os desafios em tempos de incerteza.
1. Vivemos numa sociedade de risco, pois passamos da modernidade segura fundada na sociedade industrial para uma modernidade fluida assente numa sociedade de risco. Estas mudanças foram favorecidas pela supressão das distâncias geográficas que reconfiguram novas relações de sociabilidade e modificam as noções de proximidade e de distância, do perto e do longe.
2. A sociedade tornou-se vulnerável e precária porque as transformações sociais ocorridas tiveram forte impacto em todos os domínios da vida individual e coletiva: espaço público e privado, relações interpessoais, laborais e de produção económica.
3. Formou-se uma mentalidade líquida-moderna: a solidez das instituições sociais públicas, sóciocomunitárias e a família assistem a uma progressiva dissolução dos laços afetivos e de sociabilidade dos indivíduos. Faltam lugares de humanização. Instala-se como substrato cultural a ideia de provisoriedade existencial fruto da individualização dos estilos de vida, o desapego afetivo nas relações interpessoais, a mobilidade geográfica permanente. Como reverso da medalha temos desamparo, solidão, vulnerabilidade, exposição à exclusão.
4. Desafios em tempos de incerteza: declínio do Estado providência e a dissolução do laço social deram à luz novos rostos de solidão e de exclusão: idosos e itinerantes solitários (estudantes, trabalhadores liberais, entre outros), desempregados iletrados de longa duração, mulheres e imigrantes indocumentados, pessoas sem-abrigo… Por outro lado, a conjuntura de crise económico-financeira generalizada traduziu-se em políticas sociais restritivas que retiram recursos, fazendo eclodir o fenómeno dos ‘novos pobres’ nas sociedades: jovens com empregos precários, cidadãos em idade madura que não se requalificaram e que são demasiado novos para a reforma e demasiado velhos para uma reconversão profissional. Junta-se também aqueles rostos já de si em risco ou já vítimas de exclusão social: pessoas assoladas pelo flagelo da toxicodependência ou da doença mental, da exploração sexual, do tráfico humano e de órgãos, da violência doméstica, da criminalidade organizada.
5.Incentivou-nos a criar nova mentalidade: trocar o mapa pela bússola. Sabemos qual é o nosso Norte: os valores da Boa Nova trazida por Jesus Cristo que nos faz a todos irmãos e filhos do mesmo Pai. Com este Norte, mesmo que aparentemente perdidos, sempre saberemos encontrar e ajudar outros a encontrar o caminho.
II. Desafios “laço social” e “lugares de humanização”
1. Laço social – contra o individualismo e solidão, ajudar a criar laços sociais que acrescentem lugares de encontro para além do trabalho e da casa. Ligar “Pessoas” e “Lugares”: Dinamizar um trabalho de vizinhança que produza zonas de interação, lugares de encontro, visando uma solidariedade que leve à criação de respostas criativas de vida em comum. Criar “Terceiros lugares”: Desafio de criar lugares ‘intermédios’ entre o público e o privado, situados numa ‘zona neutra’ entre o mundo laboral e o contexto reservado da família; lugares de ‘hospitalidade’, de liberdade e de vulnerabilidade, de sociabilidade e de reconhecimento mútuo…
2. Instituir lugares de humanização onde se alberguem Identidades pessoais e coletivas, se exprimem relações e geram memória. Lugares de partilha de valores comuns onde é mais importante criar pontes do que divisões em espaços de intercâmbio social e participação, nos espaços comuns de solidariedade, nos âmbitos da escola e do trabalho, centros de saúde, e associações cívicas.
III. Propostas de ação
1. Criar rede de parcerias para influenciar a opinião publicitada: Ativos nas redes sociais, favorecendo canais de denúncia de situações graves e degradantes da vida laboral e social. Introduzir na agenda social, política, laboral, cultural… os valores como acolhimento, proximidade, gratuidade, justiça social, equidade, partilha de recursos, solidariedade…
2. Apostar na economia solidária: Um modelo diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver com dignidade. Conjuga uma diversidade de práticas económicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas de autogestão, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Serviços de proximidade: em períodos de exclusão social e desemprego foram desenvolvidos no norte da Europa serviços que valorizam saberes ligados à prestação de cuidados – apoio aos idosos, dependentes e doentes, cuidar de crianças, sem-abrigo e pessoas em situações de vulnerabilidade. Estas atividades cooperativas são eminentemente políticas porque, em vez de cada um resolver individualmente e na esfera privada os problemas quotidianos, os serviços de proximidade propõem-se tratá-los através da abertura da esfera privada à esfera pública.
3. Dar argumentos para integrar emigrantes no mercado de trabalho: Há um conjunto de argumentos, de natureza legal, económica e sociocultural, que visa a promoção dos benefícios da não discriminação e da diversidade nas organizações. Todos somos convidados a responder à pergunta «E se fosse comigo?»
Na continuação da Assembleia, os militantes discutiram e aprovaram com quatro abstenções o Calendário de Atividades e por unanimidade a proposta Diocesana de Prioridades, para 2011/2012, que contempla vários encontros de formação para militantes e outros trabalhadores abrangidos pelas ações a realizar pelo Movimento e que contempla os seguintes campos de ação prioritários:
Na Sociedade
Trabalho Precário, Desemprego Estruturante e Migrações
– A partir destas realidades, denunciar as situações injustas vividas no mundo do trabalho, fomentando parcerias com outras organizações, de forma especial com a Pastoral Operária e os movimentos que a compõem para aprofundamentos, debates e possíveis ações conjuntas.
– Ajudar a criar uma nova mentalidade que contrarie o ambiente de desmotivação e de desinteresse.
– Motivar os trabalhadores e principalmente os militantes, a participar ativamente nos sindicatos, nas associações de trabalhadores e a conhecerem as leis de trabalho, investindo mais na formação integral ao longo da vida.
– Incentivar a criação de laços de solidariedade, de partilha e entre ajuda que promovam os trabalhadores e as pessoas, dando-lhes a oportunidade de serem protagonistas na sua mudança de vida.
– Dar atenção às migrações – emigrações e imigrações, aos que chegam e aos que partem na procura de trabalho e de melhores condições de vida, sobretudo aos mais fragilizados e pobres.
No Interior do Movimento
– Participar na Grande Festa de encerramento, que ocorre a 27 de Novembro, dos 75 Anos da LOC/MTC, fazendo memória da riqueza alcançada ao longo da sua história, incentivando e motivando todos e cada um a continuar esta chama.
– Partir para o agir com a consciência, persistência e confiança que advém da fé no Projeto Libertador de Deus para os Homens e que é fundamentada pelo Evangelho de Jesus Cristo e pelo Ensino Social da Igreja.
– Motivar os militantes para a divulgação e venda do jornal Voz do Trabalho, com o objetivo de dar a conhecer a LOC/MTC e a sua mensagem.
No final da Assembleia, a Fátima Almeida, nossa coordenadora Nacional e os restantes convidados presentes saudaram e dirigiram palavras à Assembleia.
Depois das palavras dirigidas à Assembleia pelos Coordenadores Diocesanos António Oliveira e a Lurdes Pinheiro, esta terminou com a celebração da Eucaristia, presidida pelo Assistente Diocesano, senhor Padre José Manuel Macedo e concelebrada pelo senhor Padre Serafim Ascensão.
Porto, 23 de Outubro de 2011