Analisada a realidade actual, consideramos que são muito parecidas as dificuldades em que se encontram os trabalhadores e as suas organizações nos dois países e partilhamos as mesmas preocupações em relação ao futuro, marcadas pela orientação neoliberal das políticas dos nossos governos, que sucumbiram à pressão conservadora da União Europeia e à ganância e avidez dos mercados financeiros na acumulação de riqueza.
O desemprego em massa, o emprego precário, a flexibilidade laboral, a mobilidade geográfica, a sinistralidade laboral, as pensões e salários baixos, o endividamento das famílias, a privatização dos serviços públicos, as graves deficiências no funcionamento dos serviços de saúde e segurança social, juntamente com o corte nas prestações sociais, são questões que fazem sofrer os trabalhadores e trabalhadoras e as suas famílias, e que põem em causa as bases da organização social e do próprio sistema democrático.
Da mesma forma, a desconfiança nas organizações de trabalhadores, fomentada pelos poderes económicos e pelos diferentes meios de comunicação, a debilidade da acção sindical e da articulação de possíveis respostas, o aumento de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza, as dificuldades dos jovens, das mulheres e dos maiores de 45 anos em encontrar trabalho, a restrição dos direitos dos imigrantes, são grandes preocupações sentidas pelos dois movimentos.
No que diz respeito à situação da Igreja, constatamos que, nos nossos dois países, a Igreja tem trabalhado no apoio às vítimas da actual crise económica, com a criação de um fundo social solidário. Temos assistido em Portugal, perante a gravidade da situação descrita do aumento do desemprego e da pobreza, a uma reacção enérgica por parte da Igreja, através de mensagens de anúncio e denúncia, de proximidade e esperança para as pessoas que sofrem.
Nós, os movimentos de trabalhadoras e trabalhadores cristãos, fiéis ao mundo operário, continuamos a desenvolver a nossa actividade a nível nacional, europeu e mundial. A nossa acção está focada na humanização do trabalho, assim como na realização do ser humano.
Com fé em Jesus Cristo e a certeza da sua mensagem de esperança, a HOAC e a LOC/MTC continuarão estes encontros, que tanto têm contribuído para o conhecimento da nossa realidade e ao desempenho da missão que nos une: dignificar o mundo do trabalho e construir uma sociedade humanizada, em conjunto com outros homens e mulheres de boa vontade, de acordo com o projecto de Jesus Cristo, que para nós se concretiza em viver as Bem-Aventuranças.
Cáceres, 14 de Janeiro de 2010