Crise, trabalho, precariedade, teletrabalho, pobreza.

Décadas de neoliberalismo num país de baixos salários e pensões e muita precariedade nos empregos, esta crise sanitária e de consequências económicas muito preocupantes e ainda imprevisíveis, vem agravar sobremaneira as condições de vida de todos em especial os de menos qualificações e mais baixos salários. Ao precarizar-se o emprego, precariza-se a vida, a família, a participação associativa, sindical e política.

Esta pandemia afeta todo o mundo globalizado e faz estremecer todos os pilares da sociedade, alterando a nossa vida a todos os níveis e deixando espalhado o medo, a incerteza, a pobreza, o sofrimento, a morte, provoca o acentuar da exclusão e desigualdades sociais, fragilizando as nossas habituais seguranças, que resulta no agravamento de uma crise sanitária e socioeconómica que veio aumentar o atraso que já tínhamos na proteção aos mais velhos. A esperança de vida aumenta, mas, num país de baixos salários e pensões, com uma população cada vez mais envelhecida e com elevada esperança de vida temos menos anos de vida saudável do que a média europeia e falta de respostas sociais adequadas.

O Risco de pobreza global vinha descendo lentamente mas dados do INE informam que a pobreza dos desempregados vem crescendo e em pouco mais de 10 anos aumentou mais de 10% estando em 2018 em 47,5% o risco de pobreza dos desempregados, o que confirma que os meios de proteção social estão em níveis muito baixos e que a precariedade, os baixos salários e as reduzidas qualificações dos trabalhadores produzem pobres situação agravada por esta crise pandémica

O teletrabalho que em Portugal era residual, cerca de 2%, com a pandemia sofreu um profundo impacto e hoje abrange cerca de 23% do emprego total. São mais de um milhão de trabalhadores que usando as novas tecnologias trabalham a partir de casa. Cresceu e muito essa mistura que não permite a conciliação entre a vida familiar e a vida profissional, e provoca a falta de socialização com os colegas de trabalho, horários longos e desencontrados e trabalho em dias de descanso. É de extrema importância, alterar a legislação para responder a estas novas situações e que os sindicatos tenham força e capacidade para que essa legislação proteja a parte mais fraca que são os trabalhadores. São questões que precisamos continuar a aprofundar.

Aumenta o desemprego, muitos trabalhadores vivem em situações de grande fragilidade laboral, vivem-se novas situações de grande pobreza e acontece um crescendo de destruição de postos de trabalho feita à custa dos trabalhadores.

Uma grande preocupação também com as Mudanças Climáticas, pois a família humana está em risco. Nas condições atuais da sociedade mundial, onde há tanta desigualdade é necessário pensar em termos de uma ecologia integral que inclui as vítimas do desrespeito pela natureza e tem presente a Acão do espírito. É o desafio de mudar para um novo estilo de vida, nos consumos, na alimentação, nos relacionamentos e na defesa do ambiente.

O reforço do Serviço Nacional de Saúde é um desafio que temos pela frente para fazer face à lógica da saúde como um negócio. Não falta quem o queira denegrir para favorecer o sector privado. Tem de se criar condições e alterar a sua própria organização para que os cidadãos encontrem aí as respostas necessárias, tanto nos serviços de proximidade, como naqueles que exigem meios tecnológicos.

Perante esta realidade que nos desassossega e um mundo muito agressivo e explorador dos trabalhadores e dos mais pobres o desafio que assumimos é o de ser anúncio e motivo de esperança com a nossa ação, iluminando com o espírito do Evangelho as realidades concretas vividas pelos trabalhadores, procurando estar presentes e o mais próximos possível com sentido de escuta e de serviço, por uma sociedade mais justa e solidária.

Assumimos também em Equipa Nacional, apoiar a preparação e realização em Portugal do Seminário Internacional e a Assembleia Geral do MMTC – Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos que vai realizar-se em Setembro/Outubro de 2021, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, Lisboa, assim as condições sanitárias o permitam.

Vamos avançar com a realização de um Seminário Internacional, de 12 a 15 de Novembro, em Aveiro sobre o tema: Evolução das relações e formas de trabalho na era digital. Trabalho” “Trabalhador” “Empresa”- Organização dos trabalhadores e sua representação. Que deveria ter sido realizado em Junho e adiamos devido à pandemia.

Também foi assumido o compromisso e empenho na divulgação e participação na conferência webinar que  a LOC/MTC em parceria com a Práxis promove no dia 7 de Outubro, Dia Internacional Pelo Trabalho Digno, que se intitula “TRABALHO: poderá ser DIGITAL, mas tem de ser DIGNO” e que conta com o apoio de 18 organizações sociais da área do catolicismo social e do precariado e 11 sindicatos, parte deles filiados na CGTP-IN ou na UGT e outros sem filiação.

 

Lisboa, 21 de setembro de 2020

Equipa Executiva da LOC/MTC