A morte do Dr. Lourenço Peixinho

Memória CV Lourenço Simões Peixinho morreu no dia 7 de Março de 1943. Quando, num domingo, correu a notícia da morte, “não houve surpresa, pois se sabia que o seu estado de saúde era tão precário que um dia (…) se extinguiria a vida deste homem que Aveiro contava entre o número dos seus filhos de maior relevo, pela sua acção durante um quarto de século, na Câmara Municipal e na Misericórdia”, escreve o Correio do Vouga de 13 de Março de 1943.

Médico de formação, o antigo presidente da Câmara Municipal de Aveiro sofria do coração. “Algumas vezes mesmo – escreve-se no Correio do Vouga – chegou a correr que o Dr. Lourenço Peixinho tinha falecido, o que depois não se confirmava, chegando a ver-se mais tarde, pelas ruas da cidade, dando um passeio de carro, ou mesmo dirigindo-se aos locais onde era reclamada a sua presença, a Misericórdia, o Hospital, que à sua forte iniciativa se deve e a que carinhosamente se dedicava, ou a Fábrica de Cerâmica Jerônimo Pereira Campos, Sucessores, de cujo Conselho de Administração era presidente. Ultimamente as crises agravavam-se, mas parecia melhorar, tão forte e resistente era o seu arcaboiço, tendo saído a passear de automóvel, no próprio dia do seu falecimento. Bem disposto durante o passeio, chegou a casa na mesma disposição e sentou-se numa cadeira conversando. A certa altura, porém, sem o menor sinal de sofrimento, tombou a cabeça e deixou de existir”.

A Lourenço Peixinho a cidade ficou a dever, conforme lembra o Correio do Vouga, “a construção do magnífico hospital de Aveiro” (iniciada, no entanto, pelo Visconde da Silva Melo), “o aprazível e formosíssimo Parque Infante D. Pedro” (onde havia um pântano), e a “abertura da Avenida Central, que desafogou a cidade, fazendo desaparecer a acumulação de ruelas e recantos que nos envergonhavam perante o visitante que chegava à estação do caminho-de-ferro, para, em sua substituição, surgir a magnífica artéria que hoje ali se encontra para imortalizar o seu nome”, entre muitas outras realizações, como o abastecimento de água por meio de fontes ou a municipalização da rede eléctrica.