Brilhe a tua luz!

À Luz da Palavra Domingo III de Páscoa – Ano B

Act 3,13-15.17-19, Sl 4; 1 Jo 2,1-5ª; Lc 24,35-48

“Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz do vosso rosto” (Sl 4,7). Este é o desejo profundo expresso no salmo da liturgia do próximo Domingo. Este é também o anseio do nosso coração.

É um desejo que temos que pedir, pois só se brilhar sobre nós o rosto do Senhor é que teremos experiência de ressurreição. A ressurreição não é a invenção de um grupo de pessoas que resistem a crer que tudo terminou na Sexta-feira Santa numa cruz, mas uma realidade que se impõe, uma luz que resplandece por si, uma experiência que nunca poderíamos alcançar por nos mesmos. Por isso, só temos que procurá-la, desejá-la, pedi-la.

A experiência do Senhor Ressuscitado é um dom e desfrutam dela não aqueles que fizeram algo para merecê-la, mas aqueles que se predispõem a acolher este dom. Por isso, ainda que no inicio da primeira leitura, Pedro censure o povo dizendo-lhes: “Matastes o autor da vida” (Act 3,15), ao terminar o discurso estende-lhes a mão e convida-os a abrir-se a uma experiência nova: “Arrependei-vos e convertei-vos” (Act 3,19) [porque] “eu sei que agistes por ignorância” (Act 3,17). O resto corresponde ao Senhor. O Ressuscitado tem poder para perdoar os pecados (Cf 1 Jo 2,1-2), e para fazer brilhar a luz do seu rosto sobre aqueles que saem da sua ignorância, abrindo-se ao resplendor da Sua verdade (Cf 1 Jo 2,5).

O Senhor Ressuscitado não só faz brilhar a luz do seu rosto sobre aqueles que acolhem o dom da sua presença, mas também os introduz no calor da sua intimidade e os instrui com simplicidade no que para eles é incompreensível: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; Tocai-Me e vede” (Lc 24, 39). Sou o mesmo. Estas mãos são as que repartiram o pão entre vós. Estas mãos são as que lavaram os vossos pés. Estes pés são os do mensageiro que atravessou a Palestina anunciando a Boa Notícia da Salvação. Sou eu, sou o mesmo, e estarei convosco até ao fim dos tempos.

Uma vez que brilhou o rosto do Ressuscitado sobre a vida dos se abriram ao dom e o acolheram, uma vez que o Senhor Ressuscitado os introduziu na sua intimidade e os instruiu, ele resplandecem com a luz do Senhor e tornam-se “testemunhas de todas estas coisas” (Lc 24, 48). Não são testemunhas teóricas de uma fé morta, mas testemunhas de uma fé que é experiência: “Vi o Senhor” e depois, “Ela, (Maria Madalena) contou o que Ele lhe tinha dito” (Jo 20, 18).

Estrella Rodríguez, FMVD