Derrubam-se muros, erguem-se barreiras

Partilhando Desculpem-me, os meus caros leitores, de eu às vezes enveredar por um sentimentalismo que muitos acharão “ doentio”, mas que outros vão aplaudindo com ambas as mãos O jornalismo é profissão, é o ganhão-pão no emprego que seleccionou, ou teve de escolher, mas é, acima de tudo, missão de comunicar, partilhar, pondo o preto no branco, sob pena, se o não fizer, deformar a sua espinhosa, mas nobre missão. Se o não fizer é metal que tine, ou pouco mais. Mas também deve ter coração e um coração novo para sentir os problemas de ontem e de hoje, preparando o futuro. É também partilhar. É!…

Mas já me ia a esquecer do assunto desta crónica, de como ela surgiu em noite de insónias.

Ouvia rádio que me trazia, na calada da noite, cenas inimagináveis do erguer muros entre dois estados,— o Israelita e o Palestiniano e perguntava-me como é possível erguerem-se, de novo, muros que limitem as pessoas de livre circulação, de as famílias de cá e de lá ficarem isoladas, separadas, não sabemos até quando?!

O muro de Berlim, que durou décadas, com famílias a viverem separadamente tempo sem fim, a morrerem, porventura, sem poderem ver os seus familiares, não entrará na cabeça e no coração destes novos imperadores do Poder?!

Não me envergonho, e nem receio de ser piegas, se hoje e aqui vos testemunhar, caros leitores, que poucos meses antes do Muro de Berlim cair estive naquela cidade, do lado de cá, junto do muro, e chorei com as legendas, junto das velas, dos pequenos cemitérios que aqui e acolá iam surgindo de gente varado à prova de bala; das sentinelas que me espreitavam muito curiosamente quando me viram tirar fotos. Fugi, mas cem anos eu viva, que essa imagem tenebrosa da crueldade de um regime de anos, não me largará. Mais tarde consegui, depois de horas de espera, passar para o outro lado! Meu Deus, como é belo viver em total liberdade!

E agora sou, somos surpreendidos com outra face de um outro muro, que não irá ser menos cruel. Apenas mudarão as personagens, mas quando elas têm os mesmos sentimentos de imperialismo, de não quererem perder um naco de terreno, que se espera?! Esperar que, o Deus de Israel, de Abraão, dos nossos Pais; do nosso Libertador Messiânico, do Ressuscitado naquelas paragens, nos valha?! Quando, como, com que sangue?! De mártires ou de homens ou mulheres-bomba? O libertado é, deve ser, o homem da esperança!