A Igreja Católica vai sensibilizar as paróquias para a integração social da comunidade cigana com acções concretas
Agência Lusa (7 Abr)
A Igreja Católica vai sensibilizar as paróquias para a integração social da comunidade cigana com acções concretas, sem que se percam as suas tradições, anunciou hoje o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana.
“Até agora, a Igreja tem trabalhado com os ciganos mais a nível diocesano e no apoio social” mas agora a prioridade é “ajudar os ciganos a nível pastoral”, afirmou à Agência Lusa D. António Vitalino, que é também bispo de Beja.
“A nível social temos conseguido dar muito apoio” mas “falta dar um enquadramento pastoral” às comunidades católicas e ciganas para que possam existir “parcerias e integração”.
“Os ciganos têm uma cultura e uma mentalidade muito diferente da nossa e muitos estão organizados numa igreja protestante pentecostal mas a nível de culto estão muito na igreja católica”, explicou D. António Vitalino.
O bispo recusa qualquer estratégia de conversão mas defende que as comunidades católicas têm a “responsabilidade particular” de apoiar a sua integração.
Nesse sentido, a Pastoral dos Ciganos tem investido na formação de leigos, de etnia cigana e não só, que funcionem como “intermediários para que haja uma integração e uma aceitação”.
Para o director executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, Francisco Monteiro, o apoio à comunidade deve-se verificar também ao nível da “afirmação da sua cidadania”.
Actualmente, “muitas famílias ciganas estão realojadas, tendo condições para viver uma vida digna na escola e no trabalho” mas ainda existem outras que permanecem nómadas “prolongando a indignidade”.
“Aí há que gritar contra a inactividade, contra a intolerância, há que ajudar a compreender que coesão social é qualidade de vida para todos”, defende este responsável.
A Pastoral dos Ciganos conta com estruturas activas em dez dioceses do país, onde colaboram sacerdotes e leigos no sentido de apoiar aquelas comunidades em questões concretas.
“Andamos pelos tribunais ou pelas Câmaras a tentar resolver-lhes alguns problemas”, explicou Francisco Monteiro.
Por outro lado, a Obra, que tem já 36 anos, colabora com outras estruturas católicas europeias semelhantes, tendo sido realizado um encontro recente na Croácia para discutir o “anticiganismo” que existe em muitos países.
“Queremos sofrer com os ciganos e ajudá-los a sair do seu sofrimento”, até porque esta comunidade é “muito esquecida” pelos poderes políticos.
“O Governo privilegia muito os imigrantes nas suas políticas mas esquece-se dos ciganos” que “até são cidadãos portugueses”, criticou Francisco Monteiro.