O Sr. António Pinto Nunes (Toi), Presidente da Associação Cristã de Apoio à Juventude Cigana (ACAJUCI), foi eleito Presidente da Federação Calhim Portuguesa (FECALP). Apresentamos a 2ª parte da sua Conferência sobre habitação social, proferida em Outubro.
COMUNICAÇÃO DE ANTÓNIO PINTO NUNES NA 11ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL METROPOLIS EM LISBOA
O Sr. António Pinto Nunes (Toi), Presidente da Associação Cristã de Apoio à Juventude Cigana (ACAJUCI), foi eleito Presidente da Federação Calhim Portuguesa (FECALP). Apresentamos a 2ª parte da sua Conferência sobre habitação social, proferida em Outubro, em Lisboa e cuja publicação iniciámos no nº anterior.
Os indivíduos de etnia cigana têm grande preferência pelos espaços amplos e detestam morar em lugares altos. O ideal seriam habitações tipo rés-do-chão e de preferência com um quintal ou terreno anexo. Como é quase impossível concretizar este sonho, as pessoas são obrigadas, como a maior parte da sociedade, a morar em edifícios e aí começam muitas vezes a surgir problemas de relacionamento para os quais não foram preparados, principalmente porque foram obrigados a uma convivência com outras culturas muito diferentes da sua. Começam a surgir espaços comuns que até aí não existiam e como não existiam não havia necessidade de compartilhá-los.
Devo ressaltar nesta problemática, que a Câmara de Lisboa, através da Gebalis, efectuou acções de preparação da população para o realojamento, onde se pretendia mostrar aos futuros moradores as lógicas subjacentes aos processos de desalojamento e realojamento e as informações sobre direitos e deveres dos residentes nos bairros municipais e criou comissões de acompanhamento competentes.
Apesar da boa vontade dos técnicos que trabalham com e para as etnias ciganas existem obstáculos que apenas a própria etnia consegue contornar porque fazem parte da sua própria maneira de estar na sociedade. Existem situações que apenas os ciganos entre si conseguem solucionar e como os técnicos de realojamento desconheciam essas situações geraram-se diversos problemas nos realojamentos que a Gebalis actualmente está a tentar resolver a contento de ambas as partes.
Existem câmaras municipais desatentas para esses problemas e algumas delas com problemas de desordens entre grupos étnicos onde as soluções não estão à vista.
Nos bairros municipais de Lisboa existem, porque não dizê-lo, equipamento e serviços no local que visam apoiar a população residente. Existe um Gabinete de Bairro para gerir o mesmo e ajudar a população, que além de outros serviços presta Apoio Psico-Social a Famílias Desestruturadas e na Organização da Administração da Edifícios.
– Para os conjuntos habitacionais onde os transportes públicos não eram ideais, a câmara municipal criou o chamado serviço Porta a Porta, ao qual o cidadão morador nos novos bairros com transportes colectivos com percurso pouco adequado pode recorrer, evitando ficar isolado e impossibilitado de resolver os seus afazeres diários.
– Está-se a proceder à requalificação dos espaços verdes, recuperando jardins e criando novas áreas verdes nos bairros.
– Está-se a proceder também à requalificação dos edifícios.
– Atls e Parques infantis onde os pais podem deixar os seus filhos enquanto saem dos bairros para os afazeres diários.
– Igrejas: – Atribuição de espaços, propositadamente remodelados, para que os moradores dos bairros possam ter a igreja perto de si. Estas igrejas são utilizadas, principalmente, por membros de etnia cigana, contribuindo assim para melhor conforto, bem-estar da comunidade e apoio espiritual.
– Criou-se a Casa da Cultura, que é um espaço gerido por diversas associações e coordenado pela Câmara Municipal. A Casa da Cultura está à disposição dos moradores dos bairros geridos pela Gebalis para a realização de diversos eventos culturais ou sociais.
– Cedência de espaços a diversas associações que ajudam no bem-estar da população.
Temos como exemplos de bom funcionamento entre outras: – Pastoral dos Ciganos que cuida, ensina e alimenta as crianças de etnia cigana e de outras origens, além de promover cursos de formação, entre outras acções.
Serviço Jesuíta aos Refugiados – Centro Pedro Arrupe – centro de acolhimento para imigrantes em situação de emergência social – trabalho de grande relevância.
S.O.S. Racismo, associação bem conhecida na defesa dos direitos dos menos favorecidos.
Programa de Desenvolvimento Comunitário KCidade.
Associações Raízes – Trabalho com Jovens.
I.C.D.I. – Instituto de Cooperação e Desenvolvimento Internacional (Jovens).
A Gebalis também tem nos seus quadros de serviço mediadores de etnia cigana.
O meu trabalho é de mediador entre a etnia cigana da qual eu faço parte e a Câmara Muncipal de Lisboa para resolução de problemas sociais e habitacionais.
Sirvo também de mediador na resolução de problemas entre ciganos para evitar situações de conflito que possam alterar a paz nos bairros.
Estes problemas são resolvidos pela confiança que os ciganos depositam em mim, pela lealdade a toda a prova como membro da etnia cigana em conjunto com o crédito e a confiança que a Câmara e a Gebalis me concedem para resolver certas situações o que torna o meu trabalho bastante gratificante.
Obrigado pela vossa atenção.