A mulher, motor da mudança cigana

El País (22 Mai)
A mulher, motor da mudança cigana
As ciganas protagonizam o avanço de uma comunidade com carências na saúde, na educação e no emprego
Para o director da Fundación Secretariado General Gitano (FSGG), José Manuel Fresno, a mudança de mentalidade nos ciganos dá-se na estrutura familiar, sobretudo nas mulheres jovens: “além de quererem ter filhos e família, aspiram a melhorar os seus níveis de instrução e a trabalhar para serem independentes.” “Uma das evidências desta nova forma de pensar, é a redução dos índices de natalidade.” Actualmente, para terem filhos, necessitam de “mais estabilidade económica e laboral”.
A educação é um sector ainda muito deficitário. Cerca de 70% da população adulta cigana não completou o ensino secundário obrigatório. Nos ciganos com menos de 20 anos, 30% abandonam a escola. Beatriz Carrillo, Presidente da Associação de Mulheres Universitárias Ciganas da Andaluzia, assegura que “o atraso na educação se deve tanto à própria história dos ciganos, carregada de expulsões, como ao sistema educativo, que não nos soube incluir”. A associação calcula que apenas 1% dos 650.000 ciganos que se pensa viverem em Espanha estuda na Universidade e que 80% desses alunos são mulheres. Beatriz Carrillo diz que “como motor do nosso povo, somos mais conscientes da necessidade de nos formarmos”, apesar das barreiras que impedem as mulheres de começar a estudar.
Em Espanha, ciganas que concluíram a universidade são assistentes sociais, educadoras, mediadoras sociais; há mulheres ciganas que trabalham na construção civil.
Victoria Mendizabal, educadora, diz que “a comunidade romani acabará por se integrar completamente na sociedade.” “Guru”, trabalhadora social, diz que “nenhum cigano vive numa barraca porque quer.” 5% dos ciganos em Espanha vivem em situação económica muito preocupante.
Segundo o SOS Racismo, a esperança de vida dos ciganos em Espanha é 10 anos inferior à média, devido à sua situação sanitária. Para os ciganos oriundos de Portugal e da Europa do Leste “os níveis de pobreza e dificuldade de adaptação são maiores.”